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 | 10/11/2005 22h03min

Skymaster admite transferências para as Ilhas Virgens

Empresa tem aviões arrendados de companhia com sede no paraíso fiscal

Em depoimento na sub-relatoria de Contratos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Correios, o diretor-financeiro da Skymaster, João Carlos Pozzetti, admitiu que as sete aeronaves usadas pela empresa são arrendadas de duas companhias aéreas com sede nas Ilhas Virgens: a Quintessential e a Force Field.

Segundo o sub-relator da CPI, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), há recibos da Force Field em favor da Skymaster assinados por José Tomaz Cimiolli, sócio de Pozzetti na Skycargas. Se a informação se confirmar, é como se Pozzetti transferisse dinheiro para si mesmo.

Pozzetti informou aos parlamentares que a maior parte dos pagamentos referentes ao uso das aeronaves é feita por meio do Banco Central. Ele admitiu, porém, que parte das faturas é paga diretamente ao procurador das duas empresas, cujo nome ele se recusou a informar, alegando que, na condição de investigado, tem o direito de não produzir provas contra si mesmo.

Segundo José Eduardo Cardozo, a Skymaster paga pelo arrendamento das aeronaves valores muito acima do mercado. Cada avião da Force Field é alugado por US$ 88 mil (R$ 190,8 mil) ao mês – o preço de mercado, de acordo com o Departamento de Aviação Civil (DAC), seria de US$ 7,8 mil (R$ 16,9 mil). Já uma aeronave da Quintessential, arrendada por US$ 95 mil (R$ 206 mil), custaria cerca de US$ 35,8 mil (R$ 77,6 mil) mensais.

Pozzetti respondeu ao sub-relator que os valores pagos pela Skymaster são previstos em contratos fiscalizados e aprovados pelo DAC. O órgão de aviação civil, contudo, informou à CPI que não fiscaliza preços, mas apenas a qualidade das aeronaves.O sub-relator da CPI informou que a Skymaster paga grande parte de suas duplicatas por meio de saques feitos diretamente no caixa – uma prática pouco comum no mercado. Ao comparar esse procedimento ao adotado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, suposto operador do mensalão, Cardozo disse que os saques foram mais freqüentes entre 2002 e 2003, quando a Skymaster teria mantido um contrato superfaturado junto aos Correios.

AGÊNCIA CÂMARA
 
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