| 21/02/2002 22h56min
O presidente Eduardo Duhalde tem em mãos relatório secreto que prevê nova explosão social nos primeiros dias de março. O documento foi elaborado pelo setor de inteligência do governo e por consultores políticos e sociólogos. A declaração do ministro do Interior, Rodolfo Gabrielli, feita nesta quinta-feira, dia 21, de que a Argentina corre o risco de sofrer uma convulsão confirma a informação. Segundo o analista político Ricardo Rouvier, o governo tem que correr contra o relógio porque o "equilíbrio que necessita é muito difícil de ser sustentado".
Ele cita que a negociação com as províncias se realiza em plena tensão do governo que está encurralado pelo "olhar firme e rigoroso do FMI (Fundo Monetário Internacional) e pela crise interna". Rouvier também disse que o "descontentamento social está a ponto de inundar o país, a capacidade de persuasão do governo é mínima e a possibilidade da volta da repressão espanta a todos".
O analista político considera que a aliança que sustenta o governo é débil demais para ser mantida até 2003. Rouvier descarta a possibilidade de um golpe militar mas reafirma que a "revolta popular não está longe de suceder porque os sinais já estão claros nos atos de violência dos protestos contra os bancos e nas ações dos piqueteiros que conseguem isolar a Capital federal do resto do país com seus bloqueios de rodovias".
O analista adverte para o fato de que se a ajuda de alimentos demorar muito a chegar à população mais pobre também poderá haver novos saques em supermercados e comércio.
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