| 29/11/2005 17h15min
Escaldado com tantos adiamentos e decisões de última hora do Judiciário que impediram a votação do relatório que recomenda a cassação do mandato do deputado José Dirceu (PT-SP), o relator do Conselho de Ética Júlio Delgado (PSB-MG) é cético quando ao término do processo do ex-ministro nesta quarta. Ele diz que não pode ter certeza de que o processo terminará amanhã e se o plenário da Câmara vai cassar Dirceu.
– Será que vota mesmo na quarta? Não tenho certeza de mais nada. Estava esperançoso que isso acabava semana passada e não deu, agora não sei mais. Até os faxineiros me questionam por que não votamos o processo do deputado José Dirceu. O desgaste chegou no limite – disse Delgado.
O relator rebate o argumento da defesa de Dirceu, que alega que a retirada do depoimento da presidente do Banco Rural, Kátia Rabelo, enfraquece a acusação e, portanto, perde o sentido a cassação do deputado.
– Engraçado! Grande parte da defesa
apresentada pelo doutor José Luiz (0liveira
Lima) é baseada no depoimento de Kátia Rabelo, na parte em que ela nega o envolvimento de Dirceu no esquema de Marcos Valério. Como contestam agora e requerem a nulidade desse depoimento no meu relatório? Se não tiver decisão do Supremo até a hora da leitura, vamos ler com a Kátia Rabelo. Se a decisão for para retirar, já temos um texto pronto sem ela – afirma o relator.
Apesar de já ter um novo texto pronto para acatar uma possível decisão do Supremo para suprimir a parte relativa ao depoimento de Kátia Rabelo, Delgado entende que, mesmo sem essa parte, as acusações contra Dirceu continuam vigorando, pois as relações do ex-ministro com o publicitário Marcos Valério estão comprovadas pelos depoimentos de Roberto Marques, Ângela Saragoza e de Ricardo Guimarães.
– Essas provas são mais do que suficientes para o plenário fazer o julgamento – entende Delgado.
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