| 07/12/2005 12h06min
Ele é o Kaiser de uma Alemanha democrática. Por onde anda, um séquito – pois imperador que se preza tem séquito – de jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas e papagaios-de-pirata coroam sua cabeça grisalha com uma auréola de microfones e luzes.
Está eternamente coroado. É Franz Beckenbauer, ex-craque da defesa que assumiu fora dos gramados uma posição de ataque. Como presidente da Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2006, depois de ter comandado um périplo que abarcou da Coréia do Sul à Croácia – e continuará em janeiro, na África e nas Américas, Brasil, naturalmente, incluído –, foi a estrela da conferência de imprensa que ocorreu no começo da tarde dessa terça, em Leipzig.
E também por ter sido o maior jogador que a Alemanha produziu, Franz Beckenbauer parecia meio entediado (mesmo que tenha encarnado a nova tarefa com a mesma seriedade que sempre o caracterizou em campo) em uma cerimônia na qual os outros membros do Comitê Organizador mostravam-se
ansiosos para dizer o quanto está
tudo bem organizado para a Copa – e está –, o quanto estão se esforçando para fazer desta uma Copa impecável – e estão –, o quanto estão preocupados com a situação dos estádios – e estão – e o quanto a venda de ingressos é um sucesso – e é.
O mesmo se percebeu entre os jornalistas que ouviam, pouco ou nada interessados em questões de infra-estrutura ou de acomodação, mas prontos para as coisas da bola.
E quando a bola sobra, um bate, de sem-pulo:
– Senhor Beckenbauer, mesmo que o senhor vá torcer para a Alemanha, pode nos dizer qual o seu favorito para a Copa?
O Kaiser não hesita, é um imperador:
– Meu favorito é o Brasil. O Brasil acaba de realizar uma Copa das Confederações impressionante e é o número 1. Depois eu colocaria as forças tradicionais: Alemanha, Inglaterra, Argentina, Itália....
E repete:
– ... mas o Brasil é o favorito, o número 1.
Quando o
repórter Cléber Grabauska, da Rádio Gaúcha, pergunta ao Kaiser se Ronaldinho seria a
principal estrela do Mundial, ele novamente não demonstra muito da preocupação diplomática que poderia ter um Kaiser presidente de Copa.
– No momento ele é o melhor jogador do mundo. E o favorito para ser eleito novamente o número 1.
A única pergunta que Beckenbauer preferiu “passar” – como todos os demais membros do Comitê presentes – foi a respeito das possíveis razões da ausência da delegação da Argentina no sorteio de amanhã. Mantendo a tradição de jogador técnico, preferiu não entrar em dividida. Mostrou que continua a ser Sua Majestade Imperial, Kaiser Franz Beckenbauer I. E único.
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