| 09/12/2005 00h26min
Ao chegar ontem à noite em Porto Alegre, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou que o governo federal está extremamente atento aos pedidos do setor privado em relação ao câmbio. Mais cedo, em Brasília, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, criticou o que chamou de "exagero" em algumas áreas da política econômica neste ano.
Dilma comentou que toda a legislação atual de câmbio prevê mecanismos de uma economia que convivia com a escassez de dólares. Atualmente, a situação é outra: há uma enxurrada de moeda norte-americana em razão do saldo comercial – de quase US$ 44 bilhões previsto para este ano. Esse quadro impõe outro tipo de realidade na legislação, afirmou.
– Estamos todos preocupados. O fechamento da Azaléia (em São Sebastião do Caí na última segunda-feira) preocupa a todos nós, embora tenha outras razões, como a concorrência dos chineses.
Porém, a ministra ressaltou que parte do que está acontecendo é ao mérito das exportações. Embora não tenha mencionado, outra parte se deve ao juro alto. Furlan afirmou que o saldo comercial foi além do desejado, e defendeu a necessidade de fazer ajustes para permitir que o país cresça.
– Acho, sim, que houve exagero em algumas áreas, inclusive no comércio exterior. Para o ano que vem, é preciso ajustar as metas para que o país cresça realmente e as empresas ganhem competitividade – declarou.
Na avaliação de Furlan, o Brasil não precisa de um superávit comercial de US$ 44 bilhões. Em um cenário de juro real (descontada a inflação) de apenas um dígito – o que Furlan chamou de "condições normais" – o superávit necessário seria de US$ 20 bilhões, afirmou.
– Há um clamor generalizado por uma redução mais acelerada da taxa de juros. A política de juros é do Banco Central, que terá de responder às necessidades da economia brasileira – disse Dilma.
Ontem, durante o dia, a ministra divulgou nota em que afirma que não há discussões no governo sobre alterações na meta de superávit primário de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB) definida para 2006. Na quarta-feira, Dilma afirmou que "espera" a redução do superávit "desde que você tenha um aumento do PIB, desde que tenha uma queda da taxa de juros".
Em nota distribuída pela Casa Civil, ela esclareceu que, "ao responder perguntas de jornalistas (...) considerou como hipótese de longo prazo a redução do superávit fiscal, dependendo, naturalmente, dos indicadores da economia". Na nota, também ressalta que a meta de 4.25%, decidida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, faz parte do projeto de lei do Orçamento em 2006.
À noite, Dilma disse que não há condições de ser feito um superávit primário menor no próximo ano porque em 2005 o crescimento do PIB será de 2,3%, conforme projeção revisada do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), enquanto a relação entre dívida e PIB ainda é alta.
A ministra Dilma Rousseff veio à capital gaúcha para receber o prêmio de economista do ano, concedido pelo Conselho Regional de Economia. Com presença do ex-marido e ex-deputado Carlos Araújo e da filha Paula, Dilma foi a terceira pessoa a ganhar o prêmio instituído em 2003. A escolha é feita a partir de um júri de nove pessoas – três do setor público, três do setor privado e três da academia.
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