| 19/03/2002 07h50min
O ministro da Economia da Argentina, Jorge Remes Lenicov, teve que se refugiar ontem, dia 18, por duas horas em um escritório de um tribunal, protegido por policiais, para evitar ser agredido na província de San Luis. Lenicov é o segundo ministro do governo Eduardo Duhalde a ser hostilizado pela população.
No domingo, dia 17, o ministro da Justiça, Jorge Vanossi, foi vaiado numa cerimônia pública em Buenos Aires. Um grupo de 50 pessoas protestava contra o corralito (restrições a saques bancários) quando soube que Lenicov estava no quarto andar do prédio do tribunal numa audiência de conciliação entre a província de San Luis e o governo federal. Aos gritos de “ladrões, ladrões”, o grupo abriu caminho no prédio, obrigando o ministro a se esconder.
Lenicov teve de esperar por duas horas, até que a polícia conseguisse retirar os manifestantes do prédio. O Banco Central da Argentina, por sua vez, suspendeu ontem a venda de dólares em 27 bancos e casas de câmbio do país. O BC determinou na última sexta-feira, dia 15, que os bancos deverão ter em moeda estrangeira no máximo o equivalente a 5% do patrimônio que tinham ao final de novembro do ano passado.
Estas instituições foram punidas pelo BC porque não informaram qual a quantidade de dólares que mantinham em seus caixas. Até o início da noite, sete bancos não tinham regularizado a situação. Quando o excedente de moeda estrangeira for repassado ao BC, como manda a nova legislação, a venda de dólares poderá voltar a ser feita normalmente.
O porta-voz da Presidência, Eduardo Amadeo, confirmou que a Argentina deverá tomar uma série de medidas adicionais para obter um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), previsto para o fim de abril. O Fundo exigiu medidas de caráter jurídico e fiscal.
Segundo Amadeo, será necessário firmar compromisso de reduzir o déficit das províncias em 60%, além de “parar com o festival de emissão de bônus”, que funcionam como moedas para pagar salários, especialmente de servidores públicos. As províncias já emitiram bônus em torno de 4,5 bilhões de pesos.
– Não entrar em acordo com o Fundo não faz parte de nossas possibilidades – disse Amadeo.
A produção industrial no país despencou 15% em fevereiro, na comparação com igual período do ano passado. O dado foi divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). No mês anterior, em janeiro, havia desabado 18% em relação a igual período de 2000. O desemprego na Argentina atinge 22% da população economicamente ativa, cerca de 3,3 milhões de pessoas. O país está em recessão há 45 meses.
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