| 31/12/2005 10h33min
A guerra do Iraque poderia ter sido evitada se tivessem denunciado a tempo os erros dos serviços de espionagem, segundo afirmou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed El Baradei.
– A guerra poderia ter sido evitada se todos tivéssemos feito nossos deveres. Se cada um de nós tivesse dito então que os dados de inteligência eram incorretos, que a informação não era consistente, talvez se teria podido impedir a guerra – disse El Baradei em entrevista publicada hoje pelo jornal El País.
El Baradei, ganhador do prêmio Nobel da Paz este ano, lembra que antes do início da guerra, em março de 2003, a AIEA já afirmava que não havia provas de que o regime de Saddam Hussein tivesse um programa de fabricação de armas atômicas.
As provas apresentadas antes da guerra eram falsificações ou não revelavam a existência desses programas, assinalou o diretor-geral da AIEA, que se orgulha de o órgão ter sido independente e feito a análise correta na época.
El Baradei acredita que o Governo de Teerã se comporta agora de maneira mais ativa, mais cooperadora e o faça com maior rapidez, e ajudará a reconstruir o que o diretor-geral da AIEA qualifica como a história de 18 anos de ocultação.
A Coréia do Norte é outro foco de preocupação da AIEA e El Baradei se diz esperançoso, embora com cautela, frente à possibilidade de conseguir progressos nos próximos meses, sobretudo pelo ativo envolvimento da China na busca de uma solução.
– Sou mais otimista que há um ano sobre a Coréia do Norte, mas não tanto quanto desejaria. Também não vejo uma solução para o próximo mês. Há muitos detalhes pendentes – diz El Baradei, que destaca que os coreanos dizem estar preparados para voltar ao regime de não-proliferação nuclear e voltar às regras da AIEA.
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