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 | 26/01/2006 20h36min

Lula defende o Congresso e faz crítica velada a FH

Presidente comemorou Fundeb e falou sobre ensino profissionalizante

Um dia depois de aprovado o fim da vertizalização, que determina a repetição nos Estados das coligações nacionais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o Congresso, durante reunião do plano de expansão do ensino técnico federal, no Palácio do Planalto. Ao comemorar a aprovação do Fundeb, fundo de manutenção do Ensino Básico, o presidente disse que as críticas aos parlamentares são coletivas, atingindo tanto os faltosos como os que trabalham.

Lula também deu uma estocada no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, afirmando que quem se inscreveu na Universidade de Sorbone não dá valor ao ensino profissionalizante.

– Sempre a crítica ao Congresso é coletiva. Desde quando eu era constituinte, a minha mágoa era que quando queriam mostrar que os deputados não trabalharam não nominavam quem veio e quem não veio. Fica tudo muito generalizado. Então, quem se matou de trabalhar, quem veio para votar, aparece como se não tivesse aparecido. Ou seja, não é criticado individualmente. Nós somos criticados individualmente, mas o Congresso, não – disse Lula.

O presidente Lula disse que estava "extremamente feliz" com a decisão da Câmara em relação ao projeto do Fundeb e disse que o Senado deverá ter atitude semelhante.

– O Congresso Nacional neste começo de ano fez algumas coisas extremamente importantes. Há algum tempo venho colocando o Fundeb nos meus discursos, pedindo para os deputados aprová-lo. E fiquei extremamente feliz com o comportamento da Câmara, num primeiro momento, mas certamente se repetirá no Senado, com essa votação extraordinária que teve o Fundeb. Em poucos momentos, o Congresso se recusou a votar leis importantes para a Educação – disse Lula, acrescentando:

– Temos obrigação política de dividir (elogios) com deputados e senadores que acreditaram que esse é o caminho.

O presidente participou de uma reunião aberta com o ministro da Educação, Fernando Haddad, e diretores de escolas técnicas e agrotécnicas federais. No encontro foi tratada a criação de novas escolas, com a meta de até o fim de 2007 atingir 180 unidades, num investimento de R$ 150 milhões. O ministro anunciou a realização de concurso público para contratação de 900 professores e 600 técnicos administrativos para as novas escolas. Ao dizer que tem uma "paixão especial" pelas escolas técnicas, Lula aproveitou para lembrar que fez curso técnico e para criticar o antecessor FH, sem citar seu nome.

– Muitas vezes as pessoas que conseguiram chegar à universidade não dão importância a um curso profissional. Minha mãe, quando me levou para fazer um teste no Senai, o orgulho dela deve ter sido o mesmo de quando o Fernando Haddad comunicou para a mãe dele que tinha passado no vestibular da USP. Se eu fui beneficiário de estudo técnico, por que vamos coibir que tantos outros tão ou mais pobres que eu tenham acesso a esses cursos? É compromisso de vida. Possivelmente quem já teve inscrito para fazer curso de pós-graduação na Sorbonne não tenha essa dimensão, eu tenho – disse Lula, provocando risos:

– Sempre os estudantes que passam para Medicina são mais estudiosos, o que vocês chamam de "CDF".

Lula voltou a dizer que dinheiro destinado à educação não é gasto, mas investimento e criticou o controle de gastos públicos que inclui as verbas para programas sociais, saúde e educação. E criticou os "mentores do Estado moderno", que segundo ele consideram boa gestão aquela que não gasta na área social.

AGÊNCIA O GLOBO

 
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