| 11/04/2002 21h11min
Dez anos depois de sua frustrada tentativa de golpe de Estado, Hugo Chávez, o ex-tenente-coronel convertido em presidente constitucional da Venezuela, enfrenta a pior crise desde que chegou ao poder em 1999: uma greve-geral por tempo indeterminado, liderada por uma aliança de empresários e de dirigentes sindicais com a finalidade de derrubá-lo.
A pressão contra Chávez aumentou nesta quinta-feira, dia 11, durante um megaprotesto contra o presidente que levou às ruas de Caracas 300 mil pessoas e deixou pelo menos 12 mortos em confrontos com a polícia. O Hospital Vargas, que fica próximo à área do protesto, informou que atendeu pelo menos 96 feridos.
Tropas da Guarda Nacional usaram gás lacrimogêneo para conter os manifestantes e mantê-los distantes do palácio presidencial Miraflores. Entre os mortos está um fotógrafo do jornal Diário 2001, Jorge Tortoza, que levou um tiro na cabeça durante um enfrentamento confuso com a Guarda Nacional. O número de feridos ainda não foi anunciado oficialmente.
Nesta quinta, completou-se o terceiro dia de greve geral dos trabalhadores da estatal Petróleos da Venezuela (PdVSA). O movimento conta com apoio de sindicatos e outras organizações do país e se transformou em uma greve-geral em toda a Venezuela. A Fedecameras, Associação de Empresários Venezuelanos, e a Central de Trabalhadores da Venezuela, também participam da paralisação e exigiram a renúncia de Chávez. Os executivos da estatal querem que o presidente demita a atual direção da companhia, que foi indicada há dois meses por interesses políticos.
O presidente disse nesta quinta em um pronunciamento na televisão que não vai renunciar.
– Meu governo é tolerante e vai alterar seus caminhos quando tiver que fazê-lo. O maior problema que nós temos agora é a mídia, especialmente as estações de TV privadas.
Também em cadeia nacional, o comandante-em-chefe das forças armadas, Lucas Rincón, desmentiu um boato que Chávez estaria detido no Palácio de Miraflores sob ordens militares. Depois de falar à nação, fez uma demonstração de força e tirou do ar quatro canais de televisão (Radio Caracas Televisión, Venevisión, Globovisión e Televen), acusando-os de estarem promovendo um plano "irracional" para desestabilizar seu governo.
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