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 | 27/02/2006 10h32min

Avanço da gripe aviária prejudica Santa Catarina

Agroindústrias estão com o dobro de volume nos estoques de frango

A expansão da gripe aviária está afetando diretamente o setor produtivo catarinense. O vice-presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster, informou que o consumo de aves diminuiu 30% na Europa e os estoques das agroindústrias estão com o dobro do volume considerado normal para o período. Houve queda nas exportações em janeiro em relação a dezembro.

A Aurora deve reduzir os investimentos na expansão da produção de aves. O projeto de ampliação do abate em Maravilha, no Oeste catarinense, estimado em R$ 100 milhões, deve atrasar de um a dois anos.

– Vamos trabalhar em câmera lenta, pois não sabemos o que vai acontecer – disse Lanznaster.

Ele afirmou que alguns especialistas consideram questão de tempo para a gripe chegar ao Brasil. Para fazer frente a essa mudança, as agroindústrias estão reduzindo em 10% a 15% o alojamento de pintinhos nos aviários.

A Avepar de Xanxerê, que produz mensalmente 4 milhões de pintinhos, vai reduzir a produção em 15%, para ajustar a oferta com a demanda do mercado.

O diretor da empresa, Celso Mattiolo, ressaltou que, além da gripe aviária, houve uma redução nas exportações de carnes com a greve dos fiscais agropecuários e o embargo de alguns países devido aos focos de aftosa no Paraná e Mato Grosso do Sul.

Mattiolo destacou que, até o momento, não há contaminação de criações em escala industrial, mesmo nos países com foco. Ele considera que o Brasil tem um bom sistema de biossegurança, mas defende que o governo precisa facilitar a adoção de medidas como a regionalização da agricultura, que está em consulta pública por 30 dias.

O vice-presidente da Aurora, Mário Lanznaster, também considera prioritário adotar medidas como a restrição do trânsito de aves e subprotudos entre os Estados. A regionalização proibiria o abate de aves fora do estado de origem e também o transporte de vísceras e cama de aviário, a não ser que sejam esterilizadas.

Algumas medidas também estão sendo tomadas no campo, onde os produtores tem que cercar o aviário para evitar a entrada de animais e trocar as telas com largura de quatro centímentros para dois centímetros. O objetivo é impedir o contato com aves silvestres.

Atualmente foram registrados casos de contaminação humana, mas em condições em que as pessoas tinham contato muito próximo com as aves.

O assessor técnico da Secretaria de Estado da Agricultura para assuntos de sanidade animal, Hamilton Faria, ressaltou que não há risco de consumir carne de frango cozida, pois o vírus não resiste ao calor.

DARCI DEBONA/DIÁRIO CATARINENSE
 
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