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 | 01/03/2006 21h19min

MST nega depredação de viatura em acampamento sem-terra

Brigada Militar irá investigar depredação em Coqueiros do Sul

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) negou hoje a denúncia da Brigada Militar sobre depredação a uma viatura do Comando Regional do Planalto (CRP). O fato teria ocorrido durante a ocupação da Fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul, na região norte do Estado, por 1,8 mil famílias de sem-terra gaúchos.

Ana Soares Hanauer, da coordenação estadual do MST, afirma que a ocupação foi tranqüila e garante que "não é prática do movimento gaúcho esse tipo de ação". O titular do CRP, coronel Waldir João dos Reis Cerutti, afirmou que durante a invasão uma viatura da Polícia Militar teve os quatro pneus cortados e que o rádio transmissor e os celulares foram retirados dos policiais militares que estavam perto do local. O assessor do coronel, major Cesar Augusto, informou que amanhã será aberto um inquérito policial para apurar responsabilidades pelos danos causados ao patrimônio público.

De acordo com a coordenadoria estadual do MST, cerca de 500 barracões de madeira já foram erguidos na fazenda para abrigar as famílias. A Brigada Militar espera a ordem judicial para retirar os colonos da propriedade, invadida quatro vezes em dois anos. O local é considerado área de segurança pela Brigada Militar, já que está dentro dos 50 hectares declarados como Zona Agropecuária Florestal e Energética. Ali existe uma mini-usina hidrelétrica que fornece energia para toda a fazenda, com cerca de 7 mil hectares.

– Se chegarem à usina, os danos podem ser muito grandes – salienta o comandante do CRP Norte, coronel Waldir Cerutti.

Para impedir o acesso a estas áreas e não deixar que mais manifestantes se juntem aos já instalados na fazenda, a Polícia Militar montou na tarde de ontem duas barreiras, fechando os acessos ao local invadido. A idéia, conforme Cerutti, é reforçar o policiamento já que existem outros três acampamentos próximos à propriedade.

Ana Hanauer disse que esta ocupação tem um caráter diferente porque, além de unificar acampamentos, as famílias estão dispostas a permanecer na fazenda, transformando-a num assentamento, e conquistar áreas para todos os acampados. Uma prova disso é que a s famílias estão construindo os barracos com madeira, não com lonas, segundo Ana.

A superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária no Rio Grande do Sul (Incra/RS) acompanha o desenrolar dos acontecimentos, mas não quis se manifestar sobre a questão.

Os proprietários da Fazenda Coqueiros estudam com o advogado Nestor Hein as medidas judiciais para o caso. Conforme um dos donos, Paulo Guerra, já há uma sentença do Tribunal de Justiça que dava a reintegração de posse à família Guerra e proibia o grupo de realizar novas invasões, com multa de R$ 5 mil para o descumprimento. O advogado deverá pedir a execução desta sentença para que a Justiça determine a imediata retirada dos invasores pela Brigada Militar.

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