| 10/03/2006 11h42min
As lideranças nacionais do agronegócio exigiram que os governos federal e do Rio Grande do Sul punam os responsáveis pela invasão do hortoflorestal da Aracruz. O presidente da Sociedade Rural Brasileira, João Sampaio Filho, condenou a mobilização e disse que a “passividade” do governo pode afastar do setor os recursos de investidores internacionais. Sampaio pediu a intervenção do Ministério da Justiça.
– O governo não só perdeu o controle, como está passando uma imagem de que é conivente com barbáries e crimes – afirmou.
As cooperativas de produtores rurais também criticaram a ação do Executivo. O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio de Freitas, disse que os governos têm sido omissos em relação à reforma agrária.
– Os responsáveis precisam pagar judicialmente pelo que fizeram. As manifestações são importantes, mas não é de hoje que os governos têm se omitido – criticou.
Empresários ligados à exportação temem que a instabilidade no campo inviabilize projetos que dependem de capital estrageiro, impedindo inclusive financiamentos externos. A ação da Via Campesina assusta especialmente por alvejar um ramo que está alterando a matriz produtiva de várias regiões brasileiras.
A avaliação negativa sobre a atuação do governo federal coincide com a percepção da opinião pública em relação às invasões. Pesquisa do Ibope, encomendada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e detalhada ontem em Brasília, mostra que 76% dos entrevistados consideram as invasões do MST anti-democráticas. Para 16%, as ações não ameaçam o processo democrático – 8% não souberam opinar. O levantamento foi feito entre 16 e 20 de fevereiro, com 2002 brasileiros acima de 16 anos em 142 municípios do país.
– Se a pesquisa tivesse sido feita depois da quebradeira no Rio Grande do Sul, o resultado seria ainda pior – especula o vice-presidente da CNA, Rodolfo Tavares.
O trabalho mostrou também que 59% do público consultado acredita que o principal objetivo do MST é conseguir terra para os trabalhadores rurais. Apenas 9% acreditam que o movimento deseja fazer uma revolução socialista no país. Um total de 34% diz que os sem-terra não estão a serviço de partidos políticos. Já 19% identificam o MST como uma organização atrelada ao PT - PCdoB, PMDB e PSDB também foram citados, com 1% cada um.
A pesquisa revelou ainda que 67% da população acredita que o governo perdeu o controle da situação e que 56% consideram as ações dos sem-terra negativas à implementação de políticas para reforma agrária. Para 31% dos entrevistados, os conflitos têm ocorrido por culpa do governo. No entanto, o levantamento indicou que fazendeiros (15%) e o MST (16%) também são responsáveis pela violência no campo.
– Até esse momento, não precisamos das Forças Armadas. Defendemos apenas a legalidade, o respeito è lei, à Constituição e o direito à propriedade – argumentou o vice-presidente da CNA.
O Ministério do
Desenvolvimento Agário preferiu não
comentar a pesquisa, mas concordou com a aplicação da penalidades para ações violentas. A Coordenação Nacional do MST não quis se pronunciar sobre o estudo.
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