O comissário-chefe da Scotland Yard, Ian Blair, envolvido na polêmica sobre a morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, viu aumentar as pressões para que renuncie após reconhecer que gravou pessoalmente uma conversa com o promotor-geral do governo britânico, Lorde Goldsmith.

Blair gravou também várias conversas telefônicas com altos funcionários da Comissão Independente de Queixas da Polícia, encarregada de investigar a morte do brasileiro por vários tiros disparados à queima-roupa por agentes antiterroristas da Polícia Metropolitana.

Um porta-voz da Scotland Yard confirmou hoje as gravações, enquanto um porta-voz da Comissão de Queixas da Polícia especificou que elas tinham sido feitas sem consentimento expresso dos interlocutores de Blair.

Uma lei de 2000 que regula os poderes de investigação da polícia autoriza a gravação de conversas telefônicas sempre e quando forem realizadas para uso próprio e não para posterior entrega do registro a terceiros.

Fontes próximas ao promotor-geral afirmaram hoje que Lorde Goldsmith está zangado e decepcionado pela falta de confiança demonstrada com sua ação pelo chefe da Scotland Yard.

Segundo a imprensa britânica, a gravação secreta de uma conversa com o promotor-geral, que assessora o governo em matéria legal não tem precedentes. O diplomata também é fiador do respeito ao estado de direito no país.

O conservador Richard Barnes, membro da Metropolitan Police Authority e vereador londrino, instou hoje Blair a reconsiderar sua posição e renunciar. Segundo ele, o importante no momento é proteger a reputação da Polícia Metropolitana.

As conversas entre o chefe da Scotland Yard e a Comissão Independente de Queixas da Polícia tinham a ver com a investigação que esta leva a cabo atualmente sobre a fatal série de erros que levaram à morte do jovem eletricista brasileiro na estação de metrô de Stockwell.

AGÊNCIA EFE