| 17/03/2006 17h07min
Os números da balança comercial do agronegócio dos dois primeiros meses deste ano são mais uma prova da crise que enfrenta atualmente a agropecuária brasileira, na avaliação da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA).
As exportações agrícolas do primeiro bimestre somaram US$ 5,818 bilhões, crescimento de 8,5% na comparação com os US$ 5,364 bilhões de igual período de 2005. Embora o resultado seja positivo, comprova perda de fôlego na capacidade exportadora do agronegócio. Em 2005, na comparação com 2004, o crescimento das exportações do agronegócio foi de 23,4%.
– O setor está perdendo o dinamismo – explica o chefe do Departamento de Comércio Exterior (Decex) da CNA, Antônio Donizeti Beraldo.
As importações do agronegócio no primeiro bimestre deste ano foram de US$ 940 milhões, 22,5% a mais que os US$ 767 milhões registrados em janeiro e fevereiro do ano passado. O saldo da balança comercial do agronegócio (diferença entre exportações e importações) no primeiro bimestre atingiu US$ 4,877 bilhões, 6,1% superior aos US$ 4,596 bilhões de igual período do ano passado.
– É um resultado tímido – diz Beraldo.
Não é apenas a redução do ritmo de crescimento das exportações que preocupa o setor, destaca Beraldo.
– Também estão aumentando as importações agrícolas – diz o chefe do Decex.
A quebra de safra de trigo em 1 milhão de toneladas exigiu que o Brasil aumentasse as importações do grão em 90%. No primeiro bimestre de 2005 o país comprou 748 mil toneladas de trigo no Exterior, gastando US$ 86 milhões. Em janeiro e fevereiro deste ano o Brasil importou 1,2 milhão de toneladas de trigo, com despesa de US$ 164,8 milhões.
O complexo soja (grão, farelo e soja), principal item da lista das exportações agropecuárias brasileiras, exportou 3,139 milhões de toneladas em janeiro e fevereiro deste ano, crescimento de apenas 1,5% na comparação com os 3,093 milhões de toneladas de
igual período de 2005.
Apesar da quase estagnação no
volume exportado, o faturamento aumentou devido à recuperação dos preços médios, que atingiram US$ 248,3 por tonelada no primeiro bimestre de 2005, frente US$ 229,4 por tonelada no ano passado. As exportações do complexo soja somaram US$ 779,4 milhões no primeiro bimestre, 9,8% a mais que os US$ 709,8 milhões do mesmo período de 2005.
O ritmo das exportações está perdendo fôlego, explica Beraldo, devido a problemas como a supervalorização da moeda nacional e problemas pontuais, como a ocorrência de focos de febre aftosa que ainda não foram debelados, impedindo que o Brasil amplie ainda mais a sua participação no mercado internacional de carne bovina.
Os focos de febre aftosa na Argentina, outro importante fornecedor mundial, podem favorecer o Brasil, pela proibição da exportação de carne bovina por aquele país, pois são poucos os países que têm disponibilidade para atender a demanda global. O temor internacional de contágio pela gripe aviária, embora nenhum caso da doença tenha sido registrado no Brasil, já produz impactos nas exportações do setor.
– Está sendo percebida uma redução das remessas, especialmente para o mercado europeu, que é nosso principal cliente, e onde a população estão reduzindo o consumo de aves – explica o chefe do Decex.
Beraldo avalia que, em uma projeção otimista, o Brasil irá repetir em 2006 os resultados do ano passado, com exportações de US$ 43,6 bilhões. O saldo comercial da balança do agronegócio, entretanto, deverá cair, devido ao aumento das importações. No ano passado, o saldo foi de US$ 38,4 bilhões e, conforme cálculos da CNA, será de US$ 37 bilhões em 2006. Isso porque as importações do agronegócio devem crescer de US$ 5,18 bilhões para US$ 6 bilhões.
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