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 | 22/03/2006 13h48min

Mercosul vai abrir mercado de automóveis se UE abrir o agrícola

Blocos realizaram nova reunião em Bruxelas

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) ofereceu à União Européia (UE) uma liberalização mais rápida do mercado automobilístico da região em troca de medidas significativas para os europeus abrirem suas portas aos produtos agrícolas sul-americanos.

A proposta foi apresentada hoje em Bruxelas ao diretor-geral de Comércio da Comissão Européia (CE), Karl Falkemberg, na primeira reunião entre UE e Mercosul depois de mais de um ano sem negociações.

O bloco sul-americano pretende dar um novo impulso às negociações de um acordo de livre-comércio com a UE. Mas os europeus insistem em esperar as resoluções da Organização Mundial do Comércio (OMC). E já anteciparam que não haverá concessões simultâneas, disse o negociador do Mercosul, o brasileiro Régis Arslanian, em entrevista coletiva.

– Apresentamos uma proposta baseada em três pontos: um avanço na abertura do setor agrícola, por parte da Europa, no setor de serviços, por parte do Mercosul, e uma maior flexibilidade – disse Arslanian, que não quis especificar o conteúdo do documento entregue a Falkemberg.

O brasileiro afirmou que o Mercosul poderia reduzir o período de transição proposto para a abertura total do mercado de veículos sul-americanos, atualmente fixado em 18 anos.

No setor de serviços, a Europa poderia se beneficiar de uma liberalização nos campos financeiro e de transporte marítimo. São dois setores em que a UE tem grande interesse, mas Arslanian destacou que, "para cada movimento que fazemos, há um preço".

O Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) pede o estabelecimento de uma data para a livre circulação de seus produtos agrícolas e alimentícios, com uma cota "significativa". Segundo Arslanian, a "melhor proposta" da UE no comércio de carnes foi abrir as portas para 116 mil toneladas, o equivalente a 0,6% do mercado europeu, num prazo de 10 anos.

– Mas, só no ano passado, o Mercosul exportou para a UE um total de 230 mil toneladas de carne – disse o brasileiro, ao avaliar que a oferta européia não corresponde a "uma quantidade significativa" e "não gera nada de comércio".

O Mercosul também pretende que o acordo cubra de 89 a 90% dos produtos da UE, que, por sua vez, quer livre acesso para 95% de suas exportações. A Comissão Européia (CE) se comprometeu a apresentar uma resposta à proposta do Mercosul na próxima reunião entre os blocos, ainda sem data definida, mas prevista para antes da cúpula euro-latino-americana de Viena, em maio.

– Falkemberg nos disse que tinha algumas dúvidas sobre as propostas mas, em suas palavras, disse que a reunião foi muito produtiva – afirmou Arslanian.

Antes da reunião o presidente da CE, o português José Manuel Durão Barroso, tinha se mostrado disposto a avançar nas discussões sobre agricultura, embora sejam também necessários progressos em outras áreas.

Barroso disse, em entrevista coletiva, que está "aberto" a propor aos países do bloco uma maior abertura agrícola, mas "é preciso haver movimentos" em outras áreas econômicas, como bens industriais e, especialmente, "serviços financeiros".

Ele acrescentou que a UE "é o mercado mais aberto do mundo", entre as grandes potências, e que reduziu suas tarifas às importações agrícolas "mais que outros parceiros".

AGÊNCIA EFE

 
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