| 27/03/2006 08h16min
Convencido de que a crise chegou a um nível insustentável, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar hoje a saída do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e do presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso. Lula teve ontem uma longa conversa com o ministro, na Granja do Torto, e a avaliação foi de que o governo não pode continuar "sangrando em praça pública".
A crise foi provocada com a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa – que teve sua privacidade devassada depois de desmentir o ministro. Na conversa de duas horas, Palocci afirmou que não tem condições de permanecer enfraquecido no governo. Além disso, está emocionalmente abalado com o escândalo e quer preservar a família.
A única chance de Palocci continuar no cargo será se conseguir desvincular o ministério da ordem dada a um funcionário da Caixa para quebrar o sigilo do caseiro. Essa possibilidade é considerada muito difícil, já que o jornalista Marcelo Netto, assessor especial do ministro, é apontado como suspeito pelo vazamento dos extratos de Francenildo. Netto nega a acusação.
Lula está inconformado com o desgaste sofrido com o episódio. Ele disse que a solução para o caso não pode passar de hoje, sob pena de o governo ficar desmoralizado pela convicção geral de que acoberta os mandantes da quebra de sigilo. A imagem que colou na opinião pública, conforme admitiu um interlocutor de Lula, é a de que o governo do PT persegue um caseiro. Na avaliação do Planalto, essa imagem seria fatal na campanha à reeleição.
O presidente convocou para as 15h uma reunião com a coordenação política do governo, para avaliar a crise e bater o martelo sobre o destino de Palocci e Mattoso. À noite, a conversa de Lula será com o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), um dos cotados para substituir Palocci.
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