| 27/03/2006 19h30min
Economistas do mercado financeiro receberam com reservas a nomeação de Guido Mantega para o ministério da Fazenda. O principal fator de desconfiança é seu histórico de críticas às políticas monetária e fiscal desempenhadas pela equipe de Antonio Palocci.
– Acho que a sua concepção de política fiscal está muito distante do que precisamos – disse Pedro Paulo da Silveira, economista-chefe da consultoria Global Invest.
Silveira lembra que, desde o início do governo, Mantega fez várias críticas às altas taxas de juros e à rigidez do controle de gastos. Segundo o economista, o novo ministro precisará de algum tempo para adquirir a confiança do mercado.
– Ele vai ter que dar um choque de credibilidade – acredita Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating. O analista espera que, nos próximos dias, os ativos financeiros continuem a apresentar instabilidade, situação que, a seu ver, não ocorreria caso o sucessor de Palocci fosse o secretário-executivo do ministério da Fazenda, Murilo Portugal, defensor inequívoco das políticas adotadas até agora.
– Há um fator positivo, que é o de Mantega ser um técnico, e não um político, e por isso ter menos chances de ser envolvido em CPIs. Mas ele tem um traquejo de esquerda que é olhado de forma negativa pelo mercado – comentou Agostini. Os especialistas concordaram, no entanto, que a saída de Palocci constitui um alívio após semanas de indefinição no comando do ministério. Para o economista-chefe do Itaú, Tomás Málaga, o próximo passo deve ser um pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmando a nomeação de Mantega.
Na visão de Malaga, mesmo que o novo ministro não concorde com muitos pontos da política econômica desempenhada por Palocci, é improvável que ele faça mudanças no último ano de governo. Para o economista do Itaú, o sucesso da gestão de Mantega dependerá da manutenção da equipe escolhida por seu antecessor.
– Se ele mantiver a equipe escolhida por Palocci, pode encerrar o ano eleitoral com a economia no processo de melhoras que vem atravessando desde o início do governo – afirmou Málaga.
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