Num discurso em tom emocional, o ex-ministro Antonio Palocci abriu a cerimônia de posse do novo titular da pasta da Fazenda, Guido Mantega. Antes de começar a falar de suas origens e início do trabalho público, Palocci fez questão de afirmar:

– Saio com a consciência tranqüila.

O ex-ministro disse que entrou no cargo com a “altivez e a simplicidade dos que lutam com o peito aberto”. Ressaltou alguns dos seus objetivos alcançados e que, segundo ele, poderão ser vistos por analistas como o seu maior legado: estabilização, construção de bases sólidas para um crescimento econômico “por décadas seguidas” e redução do abismo social entre ricos e pobres.

– Não quero exagerar feitos, nem realizações. Nunca fiz isso, nem farei agora. Vejo simplesmente um fato objetivo: de que o Brasil é melhor agora do que há três anos – disse, para depois afirmar que, na opinião dele, seu maior legado foi a procura por um caminho para convivência civilizada entre pessoas de opiniões diferentes.

Palocci ressaltou ainda, em seu discurso, a organização das dívidas nacionais, números do comércio exterior e melhoria da economia em geral. Para o ex-ministro, o governo Luiz Inácio Lula da Silva “conseguiu tirar o Brasil da unidade de terapia intensiva do Fundo Monetário Internacional (FMI)”.

Apesar de dizer ter passado, nos últimos meses, de um “ciclo infernal de suspeições e pré-julgamentos” infundados, Palocci disse que, no entanto, não perdeu a fé.

– Não atentei, de nenhuma forma, contra a democracia e as instituições de meu país. (...) Minha fé no Brasil e minha fé nas pessoas continua inabalável.

Palocci disse que sai feliz por poder ter contribuído com o país e com o presidente Lula. Ele fez um agradecimento à equipe que o acompanhou e pediu uma salva de palmas, no que foi atendido. Em seguida, agradeceu ao presidente Lula e à família pelo apoio. Sobre Mantega, Palocci desejou “todo o sucesso”.

– Não espero que ela faça o mesmo que eu. Tenho certeza que fará mais e melhor.

Durante a troca de cargo, quando Mantega, Palocci e Lula se cumprimentaram, o ex-ministro mostrou-se relaxado e tranqüilo, sorrindo, ao contrário do presidente, que parecia tenso.