Um clássico quente no Estádio Olímpico, apesar do empate de 0 a 0 no primeiro jogo da final do Gauchão. O Gre-Nal 364 teve todos os ingredientes: nervosismo da rivalidade, intensa luta pela bola, expulsões, empurrões e cara feia. Só faltou o gol. Grêmio e Inter se enfrentaram de igual para igual neste sábado e dessa maneira levam a decisão para o próximo domingo, no Beira-Rio. Um novo empate sem gols leva a partida para a prorrogação. Persistindo o empate sem gols, o título será decidido nos pênaltis.

Com o gol qualificado, o Inter não levará a melhor em caso empates com gols. Se o Grêmio fizer um gol no Beira-Rio, o Inter terá que fazer pelo menos dois para levar o título. Caso contrário, o Tricolor fica com a faixa do Campeonato Gaúcho.

Nos minutos iniciais um lance polêmico da arbitragem gerou muita reclamação por parte do Grêmio. Bolívar recuou de longe para Clemer, que dominou a bola com as mãos. Carlos Simon deixou passar e não assinalou tiro indireto de dentro da área. Em seguida, o primeiro chute a gol do jogo, aos 7 minutos. Wellington mandou um chute rasteiro, despretensioso, fácil para o goleiro colorado.

Até os 15 do primeiro tempo, o Grêmio conseguiu conter a qualidade técnica superior da equipe comandada por Abel Braga. O Inter obrigou Marcelo Grohe a fazer sua primeira intervenção em um cruzamento para Iarley.

As chances mais claras de gol na primeira etapa foram coloradas. Aos 23 minutos, Michel invadiu a área pela direita. Marcelo Grohe saiu da meta para fechar o ângulo e Pereira chegou junto no lance. O atacante bateu para fora. E em uma cobrança de escanteio aos 29 minutos, Fernandão deu uma forte cabeçada, defendida de forma espetacular pelo goleiro gremista. No rebote, embaixo das traves, Iarley conseguiu chutar por cima.

No segundo tempo, a peleia no Olímpico pegou fogo. O time de Mano Menezes voltou dos vestiários e imprimiu à partida um ritmo muito forte, além da pressão sobre o Inter. No primeiro minuto, Alessandro, cuja escalação foi considerada uma surpresa, arriscou de fora da área. A bola rasteira que passou tirando tinta do poste obrigou Clemer a se esticar todo.

Já Abel Braga sacou Perdigão, que perdeu um dente em um lance normal com Patrício, e colocou Mossoró para o segundo tempo. Foi Mossoró, inclusive, em uma disputa com Jeovânio que acirrou os ânimos dentro de campo. Os dois trocaram alguns xingamentos após uma dividida, mas Carlos Simon administrou a desavança na base da conversa.

Outro lance de Carlos Simon que deixou a torcida do Grêmio na bronca foi um empurrão de Ceará em Ricardinho dentro da área, aos 9 minutos. Pouco depois, aos 14, a coisa esquentou de tal maneira dentro de campo que Simon não pode conteporizar apenas com conversa. Alessandro e Fabiano Eller se estranharam em uma disputa e trocaram empurrões e socos. O árbitro assistiu ao desenrolar, enquanto a turma do "deixa disso" separava os brigões. Mas não teve perdão. Alessandro e Eller receberam o vermelho e estão fora do próximo Gre-Nal.

O maior prejudicado com as baixas foi o Inter, que, para recompor o sistema defensivo, sacrificou Iarley, até então o responsável pelas jogadas mais agudas da equipe de Abel. Com as duas equipes com 10 homens em campo, abriram-se mais espaços e o jogo permaneceu de igual para igual.

O meia Tcheco, tido como o mais habilidoso dentro do grupo do Grêmio, entrou na vaga de Ramon. Ele não reúne ainda condições para atuar uma partida inteira. O Inter também mexeu com a saída de Michel e o a entrada de Rafael Sobis. O argentino Herrera entrou para os 15 minutos finais no lugar de Marcelo Costa.

E foi na reta final da partida que o Grêmio voltou a pressionar, mas sem chegar efetivamente ao gol. O Inter teve o zagueiro Bolívar em uma tarde muito inspirada no desarme. Pelo lado gremista, o meia Lucas atuou nos dois campos, servindo os companheiros e auxiliando na marcação. Agora, a decisão do título do Gauchão de 2006 vai para o Estádio Beira-Rio, no próximo domingo, às 16h.

JULIANO SCHÜLER, CLICRBS