| 19/04/2006 14h59min
A agenda da política comercial dos Estados Unidos, que inclui a conclusão bem-sucedida das negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) no fim deste ano, não será alterada apesar da repentina mudança do principal negociador de Washington.
A afirmação foi feita hoje pelo embaixador dos EUA na organização multilateral, Peter Allgeier, que afirmou que "a agenda e os objetivos em termos de política comercial continuam sendo exatamente os mesmos, porque fazem parte da agenda do presidente (George W. Bush)".
O governante americano designou Robert Portman nesta terça-feira como diretor de Orçamento da Casa Branca. Desde março de 2005 ele era representante de Política Externa dos EUA e seu negociador de mais alto nível na OMC. Em sua substituição Bush propôs Susan Schwab, que ocupava a subdireção de Comércio Exterior.
Allgeier afirmou que "embora a liderança mude, a agenda não", assim como também não muda "o compromisso dos EUA de completar a Rodada de Doha a tempo e com um alto nível de ambição".
Após o anúncio da mudança de Portman, fontes diplomáticas que participam do processo expressaram decepção porque a decisão foi adotada apenas duas semanas antes do fim do prazo fixado pelos próprios membros da instituição para se chegar a acordos preliminares nos principais temas de negociação.
Segundo o calendário estabelecido, os países da OMC devem concordar no final deste mês com as modalidades e fórmulas que determinarão o nível de reduções tarifárias para os produtos agrícolas e industriais, a fim de abrir os mercados nesses setores.
Ao mesmo tempo, espera-se que se concretizem os níveis nos quais os países desenvolvidos reduzirão suas ajudas internas e subsídios às exportações agrícolas, um tema considerado fundamental pelo mundo em desenvolvimento.
Sobre a reunião ministerial prevista para a última semana de abril em Genebra, Allgeier disse que a decisão de convocar tal encontro será tomada neste fim de semana, quando se souber se houve avanços nos grupos que negociam os capítulos de agricultura e abertura de mercados para bens industriais.
Por ocasião da revisão da política comercial da China na OMC, que também ocorrerá esta semana, Allgeier aproveitou para ressaltar a "responsabilidade" do gigante asiático "na liberalização do comércio internacional", assim como seu "importante papel para o êxito da Rodada de Doha".
Nesse sentido e dirigindo-se aos negociadores chineses, insistiu que "todos temos a responsabilidade de abrir mais nossos mercados. Precisamos ver essa disposição nas negociações".
Allgeier ressaltou que a China obteve grandes lucros com sua entrada na OMC em 2001. Destacou o fato de que, nos últimos quatro anos, metade do crescimento da economia mundial deveu-se aos EUA e à China. A China é atualmente a terceira potência comercial no mundo e o quarto mercado mais importante para as exportações americanas, que equivaleram no ano passado a US$ 42 bilhões.
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