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Ao demitir quatro ministros e cinco vice-ministros ultra-ortodoxos nesta terça-feira, 21 de maio, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, mergulhou o governo na pior crise desde que assumiu o poder, em março de 2000, abrindo possibilidade para que eleições gerais sejam convocadas no segundo semestre.
As demissões aconteceram depois que, na segunda-feira à noite, um plano econômico do governo foi derrotado no parlamento por 47 a 44 votos. Os dois principais partidos ortodoxos judeus – Shas e União Judaica Torá – recusaram-se a apoiar a proposta de Sharon.
Um quinto ministro do Shas, que não foi demitido por não estar presente à votação, renunciou em solidariedade aos colegas. O Shas, com 17 cadeiras, é o terceiro maior partido no parlamento, depois do Trabalhista, com 23 cadeiras, e o Likud, de Sharon, com 19. O União Judaica Torá tem cinco cadeiras.
Caso os dois partidos decidam pela saída da coalizão que apóia Sharon, o premier ficaria com apenas 60 (antes eram 82) das 120 cadeiras do parlamento. Uma única defecção o faria ser submetido a um voto de censura, forçando eleições antecipadas.
Quando o Shas abandonou o então primeiro-ministro Ehud Barak, ele foi obrigado a convocar eleições e acabou sofrendo uma esmagadora derrota no início de 2001, três anos antes de expirar seu mandato. Eli Yishai, presidente do principal partido religioso de Israel, disse, porém, que, desta vez, a "batalha é diferente".
Segundo a lei, a destituição de ministros entra em vigor 48 horas depois de anunciada – neste caso, na manhã de quinta-feira – deixando tempo para manobras de última hora. Embora até esta terça não existissem sinais de que Sharon e o Shas caminhassem para uma reconciliação, o premier se mostrou confiante, e convocou uma segunda votação sobre o projeto para esta quarta.
O plano de emergência econômica tem o objetivo de financiar os gastos de segurança gerados pela segunda Intifada, e propõe reduzir em US$ 2,6 bilhões o déficit orçamentário. Foi a redução de cerca de US$ 200 milhões em ajuda familiar que provocou a cólera do Shas, que alega que os cortes afetariam especialmente seus eleitores.
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