| 26/04/2006 18h50min
O governo da Argentina considerou que o conflito que mantém com o Uruguai por causa da instalação de duas fábricas de celulose não afetou institucionalmente o Mercosul, bloco formado pelos dois países mais Brasil e Paraguai.
O secretário argentino de Integração Econômica, Eduardo Sigal, disse que apesar de ser necessário "ajustar" alguns mecanismos do bloco regional o Mercosul não é construído "no abstrato, e sim com a intervenção dos quatro países que o formam".
Na semana passada o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, assegurou em Assunção que o Mercosul "não serve" às aspirações de seu país e afirmou que é necessário melhorar o funcionamento do bloco.
– Queremos um Mercosul que realmente favoreça nossos povos e atualmente estamos encontrando severos problemas e grandes dificuldades – declarou Vázquez, referindo-se ao conflito pelas fábricas de celulose e a supostas desigualdades comerciais dentro do bloco.
Em entrevista a rádios de Buenos Aires, Sigal sustentou hoje que todas as nações integrantes (do Mercosul) promoveram nos anos 90 "o paradigma do livre-comércio e do neoliberalismo".
– E agora estamos vivendo as conseqüências – afirmou, antes de reiterar que a polêmica criada pelas fábricas de celulose que estão sendo construídas na cidade uruguaia de Frei Bentos "do ponto de vista institucional não afetou em nada" o bloco sul-americano.
A polêmica causada pela construção das fábricas da espanhola Ence e da finlandesa Botnia nas margens do rio Uruguai, fronteira natural entre os dois países, se arrasta há um ano.
A Argentina assegurou que recorrerá à Corte Internacional de Justiça de Haia para solucionar um conflito que, segundo sua opinião, é de absoluto caráter bilateral, e se negou, como presidente temporária do Mercosul, a convocar uma reunião do máximo organismo do bloco, como o Uruguai pediu.
O governo de Vázquez pretende mostrar ao Conselho do Mercosul as conseqüências econômicas geradas pelos impedimentos ao livre trânsito na fronteira entre Argentina e Uruguai devido aos bloqueios realizados por cidadãos argentinos que não querem as fábricas de celulose por causa de seu suposto impacto no meio ambiente.
Os analistas políticos consideram que o Mercosul passa pelo pior momento desde sua criação, há 15 anos, nas vésperas da cúpula União Européia-América Latina, prevista para 13 de maio em Viena.
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