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Ao anunciar a realização de uma série de testes com mísseis, sexta-feira, dia 24, o Paquistão agravou as já delicadas relações com a Índia e fez aumentar o temor quanto a uma possível guerra entre as duas potências nucleares por causa da região da Cachemira. A tensão entre os dois países vinha diminuindo em função da pressão americana para que o governo do Paquistão cortasse o apoio aos militantes islâmicos que lutam pela independência da Cachemira, mas voltou a crescer com a divulgação dos testes.
Mesmo que sejam exercícios de rotina e que não tenham relação com a atual crise entre os dois países, como afirma o governo paquistanês, a Índia fez questão de criticar o rival em uma nota oficial, em que disse não estar “particularmente impressionada com essas palhaçadas com mísseis, claramente dirigidas à opinião pública paquistanesa”. Um porta-voz do Departamento de Estado americano, em Washington, afirmou também que os Estados Unidos “estão desapontados” com a decisão do Paquistão de promover os testes.
Índia e Paquistão mantêm cerca de 1 milhão de soldados na fronteira entre os dois países, onde travam combates freqüentes. A tensão entre as duas potências nucleares aumentou no último dia 14 de maio, após um ataque supostamente cometido por rebeldes islâmicos contra uma base militar, que deixou 34 mortos. A preocupação maior é quanto a uma possível utilização do arsenal atômicos dos dois países.
– É fundamental que eles não entrem em guerra, mesmo em escala limitada. Até os conflitos mais locais têm o potencial de se transformar em uma guerra total, possivelmente atômica – declarou o pesquisador nuclear M.V. Ramana à revista New Scientist na semana passada.
De acordo com os cientistas, uma guerra nuclear limitada entre Índia e Paquistão mataria pelo menos 3 milhões de pessoas. Milhões morreriam imediatamente após a explosão, por causa do fogo, do impacto e da radiação. Outros seriam afetados pela destruição de suas casas, pela falta de água e por doenças que se manifestariam anos depois. Pesquisadores da Universidade de Princeton, em Nova Jersey, estimam que, se apenas um décimo das armas nucleares dos dois países fosse utilizado contra as maiores cidades, 2,6 milhões de pessoas morreriam ou ficariam feridas na Índia e 1,8 milhão no Paquistão.
Os cálculos se baseiam na eventual explosão de 10 bombas, similares à usada em Hiroshima, nas cidades mais populosas da Índia e do Paquistão. Se as bombas explodissem no chão, a poeira radioativa mataria pessoas a milhares de quilômetros quadrados de distância. A perspectiva desse cenário devastador fez com que os Estados Unidos aumentassem na quinta-feira seus esforços diplomáticos para alcançar um acordo, anunciando para o começo de junho uma missão do subsecretário de Estado Richard Armitage.
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