| 05/05/2006 07h00min
Até que fique mais claro o tipo de tratamento que o governo boliviano pretende dar ao capital estrangeiro, a brasileira Braskem decidiu paralisar os estudos para um investimento estimado entre US$ 800 milhões e US$ 1 bilhão no país. Conforme o presidente da empresa, José Carlos Grubisich, o projeto para produção de 600 mil toneladas ao ano de polietileno, a partir de gás natural, está “congelado”.
– A Braskem não vai tomar nenhuma decisão antes de ter clareza sobre o tratamento que o governo boliviano vai querer dar ao capital estrangeiro – afirmou Grubisich ontem, ao apresentar o balanço trimestral da empresa.
Desde que a Bolívia decidiu nacionalizar as reservas de petróleo e gás do país, na segunda-feira, não ocorreram novos contatos da empresa com o governo ou com representantes da YPFB, a estatal do setor, disse. Em conversas anteriores, relatou, a Braskem teve sinais de que o projeto era considerado de “interesse soberano”, por agregar valor ao gás natural do país e gerar empregos na Bolívia. Até agora, assegurou Grubisich, a decisão boliviana não representa perdas para a Braskem, até porque os estudos feitos para o projeto podem ser redirecionados para a parceria esboçada com a venezuelana Pequiven, que avalia projeto com a empresa brasileira.
– Vamos ouvir bastante e prestar muita atenção, mas sem tomar decisão de nenhuma natureza por enquanto – disse Grubisich.
No primeiro trimestre, a Braskem enfrentou queda na receita, nas vendas e no lucro, causada pelo aumento no preço da nafta – sua principal matéria-prima e derivada do petróleo –, pela valorização do real e pela acomodação de mercado provocada pelo início das operações da Rio Polímeros, produtora de polietileno. Com mais oferta de produto no mercado, a Braskem optou por fazer a parada de manutenção de suas plantas. As vendas de resinas da empresa caíram 6%, mas Grubisich apontou uma boa notícia: o mercado nacional cresceu 14%.
– Houve recuperação importante nas vendas. É uma boa notícia, porque é um indicador avançado para a recuperação da atividade – destacou.
Grubisich reiterou que a Braskem tem “interesse estratégico” no Estado e que pretende apoiar projetos de expansão da Copesul, cujo controle compartilha com o grupo Ipiranga, “desde que sejam rentáveis”.
MARTA SFREDO/ZERO HORAGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.