| 09/05/2006 14h32min
O ministro das Relações Exteriores Celso Amorim previu hoje "difíceis" negociações em torno do preço do gás natural que seu país importa da Bolívia, onde a "agitação política" deve continuar nos próximos meses.
– A situação não vai se resolver com facilidade até que seja escolhida uma Assembléia Constituinte, em 2 de julho, para mudar a Constituição boliviana – disse Amorim durante comparecimento no Senado.
A nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia mantém o Brasil em alerta, já que 60% do mercado brasileiro de gás depende da importação boliviana. A Petrobras, principal investidor estrangeiro na Bolívia, paga US$ 3,11 por milhão de BTU (British Thermal Unit, unidade de medida de energia). A intenção do Governo boliviano é aumentar esse preço em 62%, o que Brasília rejeita.
Amorim disse que o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau estará na quarta em La Paz junto com o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, para iniciar as negociações sobre preços do gás com o governo boliviano. Disse que, quando puder ser recebido por Morales, se reunirá com o presidente "para mostrar com toda clareza que se tratam de relações de Estado a Estado, e não de partido para partido".
O pior que pode acontecer, disse o chanceler, é a radicalização da situação, "porque seria irracional para a Bolívia", que exporta gás ao Brasil no valor de US$ 1 bilhão por ano, 36% de suas vendas externas. Amorim advertiu que as previsões da Petrobras indicam que, para continuar com o fornecimento de gás ao Brasil nas quantidades atuais, cerca de 30 milhões de metros cúbicos por dia, "são necessários de US$ 600 milhões e US$ 700 milhões em investimentos mínimos".
O chanceler rejeitou as críticas da imprensa e da oposição pedindo uma atitude mais firme do Governo Lula diante da Bolívia, em defesa dos interesses da Petrobras e do Brasil. Os senadores também criticaram a presença de soldados bolivianos nas instalações da Petrobras.
– Se entrássemos em uma escala de represálias e ameaças, estaríamos despertando a irracionalidade do outro lado – disse Amorim.
Entre 1996 e 2002, a Petrobras investiu US$ 920 milhões na Bolívia, e, entre 2003 e 2005, apenas US$ 100 milhões, disse o chanceler.
Esta prudência nos investimentos da Petrobras estava fundamentada nos recentes conflitos em torno da indústria do gás que levaram à queda de vários Governos nos últimos anos, disse Amorim.
– O problema do gás não é de agora, mas, apesar de toda essa instabilidade, a Bolívia foi um fornecedor confiável de gás para o Brasil – disse Amorim sobre o acordo de fornecimento datado de 1999.
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