O ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira declarou na CPI dos Bingos, no Senado, que deve ter cometido erros e que pagará por eles caso sejam confirmados. Silvio Pereira insistiu que não tem discernimento para confirmar ou negar acusações feitas por ele em entrevista ao jornal O Globo.

– Hoje está tudo muito confuso. Evidente que erros eu devo ter cometido e outros devem ter cometido. Nós estamos sendo todos julgados, processados. Se errei, pagarei por isto. Se os outros erraram devem também pagar por isso. Seja qual for o erro: pequeno, grande ou máximo – disse ele à senadora Heloísa Helena, do PSOL, sobre se as declarações feitas ao jornal eram verdadeiras.

A senadora gastou oito dos 12 minutos a que tinha direito basicamente falando sobre o papel respeitoso de Silvio Pereira no seu processo de expulsão do PT e dizendo não acreditar que o ex-secretário-geral tenha participado do esquema de corrupção sozinho.

Sílvio disse que rejeitou possibilidades de internação, respondendo a questionamentos da senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), mas frisou que está bastante confuso.

Silvinho falou também sobre sua troca de advogados. Segundo ele, nesta terça, seu advogados alegaram que não poderia continuar fazendo sua defesa.

Iberê Bandeira de Mello é o novo advogado do ex-secretário-geral do PT. Ele substituiu o criminalista Arnaldo Malheiros, que defendia também o ex-tesoureiro nacional do PT Delúbio Soares. Malheiros foi contratado no ano passado, quando estourou a crise política, pelo próprio PT para fazer a defesa dos então dirigentes do partido. Malheiros também foi o nome indicado pelo ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, para aconselhar o então ministro da Fazenda Antonio Palocci, quando este foi denunciado por quebra de sigilo.

O depoimento de Silvio Pereira reacendeu a crise política ao afirmar que o esquema de Marcos Valério pretendia arrecadar R$ 1 bilhão no governo petista e que quem mandava no PT era presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-deputado e ex-ministro José Dirceu, o então presidente do partido, José Genoino, e o senador Aloizio Mercadanate.

Em sua exposição, Silvio disse que considera Lula o grande líder do Brasil e que ele não é protegido. Ele acrescentou que o presidente, o ex-deputado e ex-ministro José Dirceu, o então presidente do partido, José Genoino, e o senador Aloizio Mercadante eram os grandes líderes do PT. Silvinho não disse, no entanto, se eles comandariam o esquema de compra de votos de deputados da base aliada.

– Eles eram a grande liderança dentro do PT. Eu não sentava nesta mesa – disse Silvio Pereira, esclarecendo que, neste momento da entrevista ao jornal O Globo, ele tentava explicar à jornalista a trajetória do partido.

Durante o depoimento, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que em nenhum momento no intervalo falou com Silvio Pereira sobre um telefonema de Gilberto Carvalho, chefe do gabinete da Presidência da República.