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 | 12/05/2006 12h

Gaúcho está na lista dos 16 investigados pela Operação Sanguessuga

Deputado Irapuan Teixeira foi eleito com 673 votos

Único gaúcho na lista de 16 parlamentares que deverão ser investigados pela Câmara por suposto envolvimento nas fraudes identificadas pela Polícia Federal (PF) na Operação Sanguessuga, o deputado Irapuan Teixeira (PP-SP) é um caso típico de político sem votos mas com mandato.

Na eleição de 2002, seu nome apareceu nas urnas apenas 673 vezes. Irapuan deve seu diploma ao ex-correligionário Enéas Carneiro (Prona-SP), o mais votado na Câmara. Com 1,573 milhão de votos, Enéas conseguiu emplacar quatro deputados.

Nascido em Porto Alegre, 57 anos, Irapuan passou a ser investigado pela Corregedoria da Câmara depois de ter o nome citado pelos integrantes da quadrilha que superfaturava ambulâncias.

Integrante do chamado baixo clero, Irapuan sequer havia sido empossado e já estava às voltas com a Justiça. Ele chegou a ter o título de eleitor cassado por fraude no domicílio eleitoral. Junto com os demais deputados do Prona, ele havia declarado que morava em São Paulo. Porém, o Ministério Público Federal afirma no processo que tramita no Supremo Tribunal Federal que "o denunciado não possuía vínculo com o endereço por ele apontado, e a mudança foi obtida de forma fraudulenta''.

Ex-professor de Ensino Superior, Irapuan é separado e tem cinco filhos. Fundador do Prona em 1989 e vice-presidente nacional do partido por 10 anos, o deputado debutou em eleições em 1992, quando concorreu à Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Não se elegeu e repetiu a candidatura em 1996, novamente sem sucesso. Nesse período, disputou o governo do Estado em 1994, amargando o penúltimo lugar entre os seis candidatos. À época, teve a candidatura aclamada por apenas sete correligionários, numa convenção realizada na sala da própria casa, na Capital.

Amigo de Enéas, Irapuan ainda concorreu a vice-presidente da República em 1998, na chapa encabeçada pelo histriônico comandante do Prona. Eleito deputado, o gaúcho não ficou muito tempo no partido que ajudara a fundar. Em novembro de 2003, trocou o Prona pelo PP.

Leitor de Jean-Paul Sartre e apreciador de vinhos franceses, o deputado é praticamente desconhecido no Congresso. Sua atuação se transformou em notícia em razão de alguns projetos polêmicos. Entre as 66 proposições de sua autoria, uma sugeria a adoção da Bíblia como livro didático nas escolas e outra alterava o Código Penal para obrigar os condenados a doar um dos órgãos duplos (córnea, rim, pulmão), além da medula ou de um terço do fígado. Ambas foram arquivadas.

Teixeira participou ainda de manobras para retardar o julgamento dos deputados suspeitos no mensalão. Apenas em 2006, engordou o salário em R$ 50,2 mil com as verbas indenizatórias. No mesmo período, faltou a uma em cada sete sessões deliberativas da Câmara.

FÁBIO SCHAFFNER/ BRASÍLIA/AGÊNCIA RBS
 
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