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O delegado de Repressão a Entorpecentes (DRE), Luiz Alberto Andrade, afirmou ontem que o traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, líder do Comando Vermelho (CV), é o principal suspeito pelo desaparecimento do repórter da Rede Globo Tim Lopes, de 51 anos. Lopes foi visto pela última vez na noite de domingo, dia 2, quando subiu sozinho a Favela Vila Cruzeiro, na Penha, zona norte do Rio, com uma microcâmera escondida para apurar reportagem sobre bailes funk promovidos por traficantes.
– O Elias Maluco é um dos traficantes mais violentos e nosso principal alvo – afirmou Andrade.
Ontem, dia 4, agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e policiais do Batalhão de Choque fizeram incursões na favela. A polícia investiga mais de uma versão para o desaparecimento do repórter. Segundo Andrade, informantes disseram que o gerente da boca de fumo do morro teria desconfiado de Lopes e mandado revistá-lo. Ao encontrar a microcâmera no botão da camisa, diz o delegado, o gerente ligou para Elias Maluco, que controla o tráfico na favela, e teria ordenado a morte.
O delegado da 22ª DP, Sérgio Falante, encaminhou para exame de DNA fragmentos de um corpo carbonizado encontrados na segunda-feira no alto do morro. O resultado deverá sair em uma semana.
– Depois da primeira filmagem, os traficantes ficaram de antena ligada – disse Andrade, referindo-se à série de reportagens Feira das Drogas, produzida por Lopes e exibida em agosto no Jornal Nacional, que recebeu o Prêmio Esso.
A Rede Globo fez um comunicado, pedindo que a população colabore com informações sobre o repórter pelos telefones da Polícia Civil ou do Disque Denúncia. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) divulgaram nota oficial em que protestam contra o “regime de terror que transformou em reféns todos os moradores da cidade, comprometendo o direito de ir e vir”.
– Os indícios de que Tim tenha sido morto por traficantes descontentes com seu trabalho investigativo apontam para um crime duplamente inaceitável: contra a vida de um cidadão cumpridor de seus deveres e contra o sagrado direito à liberdade de imprensa – diz o texto.
Na nota, o sindicato e a ABI pedem que o governo demonstre a “real intenção e coragem de enfrentar os Estados paralelos”. O desaparecimento provocou manifesto da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), baseada em Paris, que expressou sua preocupação com o caso. Em um comunicado, a organização pede que “se esclareçam as circunstâncias desse desaparecimento”. A governadora Benedita da Silva (PT) telefonou ontem para Alessandra Wagner, mulher do repórter, para informar que as polícias estão trabalhando “sem descanso”.
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