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 | 17/05/2006 10h11min

Delegado entrega livro-caixa com envolvidos na Operação Sanguessuga

Diário deve aumentar número de parlamentares suspeitos

O livro-caixa da máfia das sanguessugas, organização acusada de vender ambulâncias superfaturadas para prefeituras, caiu como uma bomba ontem na Comissão Especial da Corregedoria da Câmara encarregada de investigar o envolvimento de parlamentares com a quadrilha. Espécie de diário dos pagamentos de propina da organização, o livro deverá aumentar o número de parlamentares sob suspeita de prestar serviços para as sanguessugas.

O livro-caixa, que registra pagamentos de R$ 5 mil a R$ 50 mil, foi entregue ontem à comissão pelo delegado Tardelli Boaventura, coordenador da Operação Sanguessuga da Polícia Federal (PF). Entre os nomes que aparecem na lista contábil estão os deputados Nilton Capixaba (PTB-RO), 2º-secretário da Mesa da Câmara, e o ex-líder do PP Pedro Henry. Segundo uma autoridade que teve acesso ao documento, os nomes dos dois estão incluídos na rubrica "contas a pagar".

Em depoimento à PF, o ex-gerente de restaurante Marcelo Antônio de França disse que Capixaba fazia parte do seleto grupo de cinco parlamentares que se reuniam freqüentemente num hotel de Brasília com o empresário Darci Vedoin, apontado como o chefe do esquema das sanguessugas.

Capixaba aparece várias vezes no primeiro relatório reservado da PF sobre o esquema criminoso. Mas, mesmo assim, o nome do deputado foi excluído da leva dos 16 parlamentares sob investigação na Câmara. A situação de Henry também não é nada confortável. Um dos acusados de receber dinheiro do valerioduto, o deputado escapou de perder o mandato por suposta falta de provas.

Boaventura também entregou à Comissão Especial um livro com o registro de projetos de vários ministérios que estavam sendo acompanhados pelos criminosos. Embora menos contundente que o livro-caixa, o relatório dos projetos envolveria pelo menos 60 parlamentares. Todos os projetos são financiados com verbas oriundas de emendas parlamentares. A comissão deve fazer uma triagem para conferir os nomes dos autores das emendas e checar se, de fato, as empresas beneficiadas pertencem ao congloremado de companhias de Vedoin.

Em depoimento à PF e ao Ministério Público Federal, a ex-assessora especial do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino disse que cerca de 170 parlamentares, entre eles um senador, estão envolvidos com as sanguessugas. Ela também trabalhou na Planam, uma das empresas de Vedoin.

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