| 30/05/2006 16h27min
A preparação da Seleção Brasileira em Weggis, na Suíça, passou a ser exemplo para a imprensa européia, principalmente para a francesa que a acompanha, mas enfrenta dificuldades para cobrir sua equipe nacional em Clairfontaine. O clima que envolve a seleção de Carlos Alberto Parreira é descontraído, alegre, festivo, enquanto o ambiente envolvendo a seleção francesa tem sido pesado, cheio de divisões internas, levando o conhecido jornalista, Didier Roustan, a comentar:
– Os franceses quando descem do ônibus da seleção parecem que estão saindo da fábrica depois de um dia de intenso trabalho – declarou.
Roustan reconhece que as duas culturas são diversas, mas seria bom se os franceses mostrassem um pouco mais de abertura com a sua própria torcida e imprensa. As limitações ao trabalho da imprensa francesa tem sido tal que alguns jornalistas identificam seu trabalho ao do jornal Pravda, dos tempos da União Soviética e que só publicavam notas e artigos oficiais.
Os brasileiros, ao contrário, estão sempre sorridentes, os jornalistas brasileiros, apesar de numerosos na Suíça, tem tido acesso regular à delegação e um público importante (cerca de 5 mil torcedores) tem assistido aos treinamentos.
O contrário ocorre com os franceses, onde as entrevistas não passam de respostas limitadas ao sim ou não. Os torcedores não têm sido bem tratados, muitas vezes ignorados pelos jogadores quando solicitam autógrafos. O jogador Sagnol, por exemplo, já chegou a afirmar após a vaia de uma parte da torcida logo após a fraca partida contra o México que a equipe francesa não precisa sair à procura de inimigos, pois eles estão sempre presentes, através dos seus torcedores e de sua imprensa.
Até agora, por exemplo, o caso Barthez/Coupet, os dois goleiros da equipe francesa, não foi solucionado. Coupet, condenado pelo técnico Domenech à posição de reserva, anda pela concentração como se ainda não tivesse recuperado do choque psicológico, permanecendo desconectado da delegação. Apesar disso, uma pesquisa da empresa CSA revela que 51% dos franceses ainda acreditam na sua equipe, mesmo se apenas 15% acham que a França poderá ser campeã mundial, com 55% considerando que a equipe será eliminada entre as quartas e semifinais.
Eugene Sacomani, mediador da principal mesa redonda da televisão francesa e veterano jornalista esportivo, lembra que em 1974 chegou a assistir um treinamento da equipe nacional do Brasil com fundo musical, acrescentando que os brasileiros estão acostumados a esse tipo de comportamento, enquanto esse não é o caso dos franceses, onde prevalece uma cultura mais sisuda, contraída, nem sempre muito produtiva. O que ele não sabe é que o técnico Parreira já preveniu que na Alemanha as coisas poderão ser diferentes. A tendência, à medida que se aproxima à data da estréia, é proteger seus jogadores isolando-os um pouco mais da torcida e da imprensa.
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