| 31/05/2006 17h53min
O torcedor brasileiro já está se acostumando com mudanças repentinas na lista de convocados para a Copa do Mundo, às vésperas do início da competição. Nesta quarta, o zagueiro/volante Edmílson foi cortado por contusão, Mineiro foi chamado e o Brasil ganhou mais um capítulo de alterações em sua campanha nos Mundiais.
Em 2002, no último treino preparatório da Seleção Brasileira antes da estréia contra a Turquia, o volante Émerson foi brincar de goleiro no rachão. Acabou caindo de mal jeito, torceu o ombro e foi substituído por Ricardinho com a Copa da Coréia do Sul/Japão já em andamento.
Uma das maiores novelas do futebol brasileiro aconteceu na França, em 1998. O volante Flávio Conceição e o zagueiro Márcio Santos foram cortados no início da preparação, sendo substituídos por Doriva e Gonçalves, respectivamente. Porém ninguém chamou tanto para si os holofotes como o baixinho Romário. O centroavante se apresentou com um problema crônico na virilha, passou cerca de duas semanas em trabalho de recuperação, mas acabou cortado. O técnico Zagallo não gostou de saber do médico Lídio Toledo que Romário estaria apto apenas a partir da terceira rodada da fase de classificação e optou por levar o volante Emerson, como precaução à má fase atravessada pelos titulares Dunga e César Sampaio.
A experiência de mudar os planos na reta final do começo da Copa não é novidade para Carlos Alberto Parreira. Em 1994, o treinador perdeu a sua zaga titular, formada por Ricardo Gomes e Mozer. Márcio Santos e Ronaldão foram chamados, mas o reserva imediato da posição, Ricardo Rocha, sentiu uma lesão no início do Mundial, abrindo espaço para Aldair.
Visto algumas experiências passadas, Parreira, Zagallo e Luiz Felipe Scolari tiveram sorte. Seus problemas são fáceis se comparados ao que Telê Santana teve de enfrentar em 1986, no México. Sidnei, provável aposta do treinador, sofreu uma ruptura muscular quando decidiu treinar por conta própria visando a
convocação.
Com a lista definida, mais problema para a Seleção. O primeiro foi Toninho Cerezo. Em caso semelhante ao de Edmílson, o volante sofreu com a sobrecarga de trabalhos na Roma, onde atuava e foi cortado na semana que antecedeu a estréia brasileira.
Era o segundo problema em menos de 15 dias. Mozer vinha de grande fase no Flamengo, ia ser o titular do Mundial, mas acabou torcendo o joelho durante um coletivo. Pouco depois, por problemas disciplinares, Telê também vetou o nome do lateral-direito Leandro. Renato Portaluppi não gostou e pediu dispensa, em solidariedade ao companheiro.
Édson foi o substituto na lateral, convocado em cima da hora, atuou contra a Argélia, mas acabou sofrendo uma fratura. Resultado: Josimar, que havia ido ao México apenas para pegar experiência, terminou como um dos destaques da equipe.
Muito antes da segunda Copa no México, os problemas com contusões já eram uma rotina na Seleção. Em 1982, Careca era a estrela do Guarani, mas sentiu dores e acabou substituído por Serginho Chulapa. Caso semelhante ao ocorrido com Nunes em 1978, na Argentina. Cláudio Coutinho não acreditou na recuperação do atacante flamenguista e optou por Jorge Mendonça, do Palmeiras.
Na primeira Copa da Alemanha, em 1974, Zagallo fez duas alterações às vésperas do início: cortou o goleiro Wendell e o volante Clodoaldo, após analisar relatório médico desfavorável à situação clínica da dupla. Na conquista do tricampeonato mundial, o goleiro Lula sentiu o pulso e o zagueiro Scala foi vetado pelo departamento médico. Mas o caso mais emblemático foi o do centroavante Toninho Guerreiro. Artilheiro por cinco vezes consecutivas do Campeonato Paulista, acabou cortado por uma estranha asma.
Se Mineiro precisa de inspiração, pode festejar o fato de que o goleiro Leão, o atacante Dario e os zagueiros Baldocchi e Ronaldão foram chamados de última hora para cobrir algum corte e acabaram campeões do mundo sem precisar suar a camisa. Melhor do que gol nos acréscimos do segundo tempo.
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