| 14/06/2006 16h16min
Stern John joga na Segunda Divisão da Inglaterra. Chris Birchall atua na Terceirona. Dennis Lawrence está num degrau ainda mais abaixo: joga na Quarta Divisão do futebol inglês. É com esses três e mais outros jogadores atuando nas divisões menores da ilha britânica que Trinidad e Tobago tentará surpreender a poderosa e badalada Inglaterra nesta quinta, às 13h (de Brasília), em Nuremberg – é o famoso confronto de Davi contra Golias.
A diferença é gritante. Enquanto os ingleses ostentam o título de segunda seleção mais cara do torneio, perdendo apenas para a do Brasil, Trinidad & Tobago, o menor país a disputar uma Copa na história, conta com dez atletas que atuam em divisões menores dos Campeonatos da Inglaterra e da Escócia. Todos encaram o jogo de hoje como uma chance de garantir um emprego melhor depois do Mundial. O único de Trinidad na elite do futebol inglês é o goleiro Hislop, do West Ham.
A principal estrela caribenha, o atacante Dwight Yorke, já atuou em clubes tradicionais como Manchester United e Aston Villa, mas hoje ganha seu pão no obscuro futebol australiano – disputou o último Mundial de Clubes pelo Sydney – marcou um gol na vitória por 2 a 1 sobre Al Ahly, na decisão do quinto lugar. Há ainda dois que jogam nos Estados Unidos, quatro na Liga Semi-Profissional de Trinidad (são oito clubes apenas) e um que está desempregado: o volante Silvio Spann.
Nas tradicionais bolsas britânicas de apostas, a vitória da Inglaterra é considerada uma barbada: paga 1,14 por cada libra apostada. Já o sucesso de Trinidad renderia uma bolada: 15 libras para cada uma apostada. Muitos dos apostadores no país caribenho são escoceses e irlandeses, órfãos nesta Copa, e que têm grande rivalidade com os ingleses. Diante do abismo financeiro e profissional que divide as duas seleções, o jeito encontrado pelo técnico holandês de Trinidad, Leo Beenhakker, é apelar para o lado motivacional.
– No futebol, pode acontecer de tudo. Não se trata de uma ciência exata. Meus meninos fizeram um excelente trabalho contra a Suécia (empate em 0 a 0) e podem surpreender novamente – diz o treinador.
Na Inglaterra, a preocupação é evitar o salto alto. Os principais jogadores ingleses não têm poupado elogios aos caribenhos, embora mal os conheçam.
– Posso destacar a qualidade de Dwight Yorke, um excelente atacante – diz o meia David Beckham, quando questionado sobre a estrela de Trinidad.
Beckham e Yorke jogaram juntos por quatro anos no Manchester United, entre 1998 e 2002. Em 99, foram campeões ingleses, da Copa da Inglaterra, da Europa e do Mundial Interclubes, batendo o Palmeiras no Japão.
– Todos nós sabemos que não se pode dar espaço para Dwight. ê um dos melhores atacantes do mundo – diz Beckham, apesar do fato de o caribenho já estar com 34 anos e pensando seriamente em aposentadoria.
Diferenças à parte, o jogo desta quinta pode definir a classificação antecipada da Inglaterra: basta vencer e torcer para que a Suécia não ganhe do Paraguai, em Berlim, também hoje. Para Trinidad, apesar de ter chances matemáticas como qualquer outra seleção do grupo, a classificação é um sonho.
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