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A disparada do dólar fez a dívida pública atingir em maio o maior nível desde 1991, quando as estatísticas passaram a seguir a atual metodologia. O endividamento do governo chegou a R$ 708,4 bilhões, o equivalente a 56% do Produto Interno Bruto (PIB). É a segunda vez neste ano que a dívida bate o recorde histórico.
A primeira foi em janeiro, quando chegou a representar 55,2%. A terceira deve ocorrer neste mês. Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes, a premanência do dólar na casa dos R$ 2,80 deve elevar a relação dívida/PIB para 58%. O aumento do endividamento do setor público é uma das razões do nervosismo do mercado. Quanto maior a dívida, maiores as dúvidas em relação à capacidade do governo de pagá-la em dia.
A principal conseqüência é a alta do dólar, que por sua vez provoca aumento da dívida, o que realimenta a desconfiança dos investidores. Cerca de 40% da dívida líquida do setor público (União, Estados, municípios e estatais) é corrigida pelo câmbio. Entre abril e maio, o dólar subiu 6,75%. No período, a dívida passou de R$ 684,6 bilhões para R$ 708,4 bilhões – só o dólar foi responsável por R$ 20,6 bilhões dessa alta.
O aumento causado pela desvalorização do real foi quase seis vezes superior ao esforço fiscal do setor público que, de janeiro a maio, teve superávit de R$ 23,5 bilhões. Quando o presidente Fernando Henrique Cardoso assumiu seu primeiro mandato, em janeiro de 1995, a dívida líquida do setor público era de R$ 153,2 bilhões – 30,4% do PIB. Desde então, cresceu R$ 555,3 bilhões, graças às elevadas taxas de juros, ao dólar e ao reconhecimento de dívidas antigas – os “esqueletos”.
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