| 22/06/2006 19h22min
O quadro atual da Varig é "bem mais feio do que parecia antes", a partir de declarações dos próprios funcionários da empresa. A análise é do professor Ricardo Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas, para quem "a situação da empresa está se deteriorando rapidamente, porque se ela não tiver faturamento, não consegue cumprir seus compromissos mais urgentes".
Especialista em gestão de negócios, o professor lembrou que nos últimos dias os balcões da Varig em aeroportos de todo o país estão vazios, e as pessoas têm medo de comprar passagens, embora os aviões decolem normalmente. E analisou que "desde o início do ano, a empresa vem sangrando bastante – se não houver uma solução de curtíssimo prazo e ela não puder contar com alguém, estará estrangulada".
A NV Participações, vencedora do leilão judicial ao ofertar R$ 1,01 bilhão pela Varig Operacional em nome dos Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), tem prazo até amanhã (23) para depositar a primeira parcela de compra da companhia, no montante de US$ 75 milhões. Caso não o faça, o leilão será considerado "deserto" pela Justiça fluminense, onde corre o processo de recuperação da Varig. O juiz Luiz Roberto Ayoub poderá, então, marcar um novo pregão.
Ricardo Teixeira analisou que, nessa eventualidade, a disputa vai depender das regras, que devem ser claras porque "amanhã elas podem reverter contra o comprador". Segundo o especialista, "o grande problema dos leilões é saber o que vai acontecer com o passivo". Ele lembrou que não existe até agora uma garantia sobre o que vai ser feito, embora juridicamente existam algumas possibilidades de defesa. E admitiu que, eventualmente, a Varig pode deixar de voar por um determinado período, "a não ser que o governo, por meio da BR Distribuidora e da própria Infraero, decida continuar sendo relativamente condescendente com as operações da empresa".
O professor defendeu ainda a manutenção da marca Varig, mas analisou que se a empresa parar de operar, é menor a possibilidade de surgirem ofertas por parte dos interessados.
– O grande ativo que a Varig tem hoje, além de seus funcionários e do amor dos brasileiros, é a marca. Mas se isso não for preservado rapidamente, não há como garantir sua continuidade – afirmou.
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