| 25/06/2006 18h02min
Foi uma vitória com a cara de Felipão. Em uma partida marcada por brigas e expulsões e que provavelmente ficará conhecida como a Batalha de Nuremberg, Portugal venceu a Holanda por 1 a 0 na tarde deste domingo e se classificou para as quartas-de-final da Copa do Mundo da Alemanha, fase na qual enfrentará a Inglaterra.
O resultado aumentou para 11 o recorde de vitórias consecutivas do técnico brasileiro em Copas do Mundo. Além disso, o duelo entre portugueses e holandeses também entra para a história dos Mundias, mais de forma negativa – foi o primeiro a ter quatro jogadores expulsos, dois de cada lado.
Quem esperava uma partida emocionante, não se decepcionou. Portugal e Holanda deram tudo de si durante os 90 minutos. A vontade de vencer era tanta que alguns jogadores se excederam e cometeram muitas faltas violentas e jogadas desleais, além de abusarem da catimba e da pressão sobre o árbitro.
O árbitro russo Valentin Ivanov, aliás, foi um dos destaques negativos da partida. Com uma atuação confusa, ele deixou que o confronto descambasse para a violência. Tudo começou aos seis minutos, quando deu apenas cartão amarelo para o holandês Boulahrouz, que atingiu de forma violenta a coxa de Cristiano Ronaldo. O atacante português foi obrigado a deixar a partida.
A Holanda começou melhor. Logo a um minuto, Van Bommel arriscou de fora da área e levou perigo ao gol defendido por Ricardo Costa. Mas aos poucos o time de Felipão foi se acertando. Deco e Figo, novamente um dos melhores em campo, conduziam o time português ao ataque com muita qualidade.
Depois de sofrer nos minutos iniciais, Portugal abriu o placar aos 23 minutos de partida. Cristiano Ronaldo roubou a bola na ponta e passou para Deco. O meia do Barcelona cruzou na área em busca de Pauleta, que só escorou para Maniche encher o pé e mandar uma bomba, sem chance para Van der Sar.
Depois do gol, a partida passou a ser disputada quase que inteiramente no campo de Portugal. Bem ao estilo de seu técnico, os portugueses se defendiam como podiam e tentavam criar perigo nos contra-ataques. Mas a pressão da Holanda era intensa e o empatou quase aconteceu aos 38, quando Van Persie fez jogada individual na ponta direita e chutou para fora.
No final do primeiro tempo, no entanto, o trio de arbitragem perdeu o controle disciplinar da partida e o jogo se transformou em outro. Aos 43, Arjen Robben foi lançado dentro da área e foi atingido por uma voadora de Nuno Valente. O árbitro nada marcou, mas expulsou logo depois o volante Costinha, que havia recebido um amarelo e depois colocou a mão na bola.
Com um homem a menos, Felipão decidiu mudar no intervalo. Sacou Pauleta e escalou Petit. O recuo português trouxe a Holanda ainda mais ao ataque. A pressão foi intensa e logo aos quatro minutos, Cocu perdeu um dos gols mais feitos da Copa. Robben dividiu com um zagueiro e a bola sobrou livre para ele soltar uma bomba e acertar o travessão.
O jogo continuou fervendo. Em bate-boca, Figo deu uma cabeçada no adversário. O árbitro não viu, mas a Fifa pode usar as imagens da TV para punir o português nos próximos dias. Minutos depois, Figo dramatizou após levar uma cotovelada de Boulahrouz e conseguiu cavar a expulsão do holandês.
A partir daí, o jogo degringolou. A Holanda teve atitude antidesportiva e não devolveu a bola após pausa para atendimento médico de um jogador. Carrinhos, discussões e empurrões passaram a dominar a partida e o árbitro russo se perdeu. Uma série de cartões amarelos foi mostrada e Deco acabou expulso, levando Felipão à loucura. O técnico de Portugal se enfezou e passou a gritar com Marco Van Basten, que, segundo Scolari, não poderia ter deixado seus jogadores ignorarem o fair play.
A Holanda se esforçou nos minutos finais, mas parou no goleiro Ricardo, que fez grandes defesas. Van Bronckhorst acabou expulso nos acréscimos por entrada dura em Tiago. O mesmo Tiago poderia ter liquidado a partida minutos depois, mas errou no momento do chute. O que só fez aumentar a aflição de Felipão, que da área técnica implorava pelo fim do jogo. Quando foi atendido, o técnico comemorou como se tivesse ganho o Mundial.
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