| 25/06/2006 18h10min
A convenção que homologou este domingo a candidatura de José Serra ao governo de São Paulo virou palco de duras críticas ao PT e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 57 minutos seguidos de discursos, as principais lideranças do PSDB se revezaram no palco montado na Assembléia Legislativa para chamar o governo Lula de "corrupto" e "incompetente" e sugerir que os petistas se apropriaram de obras e programas criados nas administrações dos tucanos.
– (Eles) estão cacarejando sobre os ovos postos por outros – atacou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o mais contundente dos oradores.
O ex-presidente disse que não teme uma comparação entre suas duas gestões à frente do Palácio do Planalto e o primeiro mandato de Lula. Segundo Fernando Henrique, o governo atual só ganharia num ponto: "há muita corrupção e escândalos". Ao estimular uma comparação de governos, Fernando Henrique disse que Lula não avançou em áreas importantes como Saúde e Educação e deixou de cumprir promessas de campanha, como a criação de dez milhões de novos empregos.
Ainda em seu discurso, FH disse que o atual governo foi "incompetente" na administração da economia e na punição dos envolvidos em casos como o do mensalão. Por essa razão, acrescentou ele, existira hoje no país um "clima de desânimo".
Segundo a discursar entre os caciques do PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin, candidato do partido à Presidência, deixou de lado o habitual discurso contido para também bater com força em Lula e no PT. Respondendo diretamente à afirmação de Lula de que as "vozes do atraso estão de volta", Alckmin disse que o atual presidente mente ao divulgar conquistas inexistentes.
– Não existe o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Básico), assim como não existe a transposição do rio São Francisco, o fome zero e tantos outros. O que existe é a mentira. E aprendi com meu pai que a mentira tem perna curta – disse o tucano.
Estrela do dia, o ex-prefeito José Serra até separou parte de seu discurso de quase 30 minutos para fazer promessas de campanha. Disse que, se eleito, vai buscar a redução de impostos estaduais e priorizar a área da Educação e Segurança no seu governo. Mas o ato de encerramento da convenção, que coincidiu com o aniversário de 18 anos do PSDB, teve novos ataques contra Lula, acusado por Serra de ter "duas caras".
– Somos hoje o que fomos ontem. Não temos do que nos envergonhar. Não mudamos de lado, de cor, de cara. Dizem que sou mal-humorado. Pode até ser, mas tenho uma vantagem: só tenho uma cara – discursou ele, ladeado por Fernando Henrique e Alckmin, a quem Serra chamou de "fiel companheiro".
Na seqüência, afirmou que os discursos políticos do PT seriam tão falsos como uma nota de três reais.
– Os petistas, os vestais do templo da moralidade, se defendem das acusações dizendo que todos os políticos são iguais. Isso é falso como nota de três reais. Nunca confundimos governo e partido. Nossa escala de valores é outra – disse Serra, cujo maior adversário nas eleições em São Paulo deverá ser o petista Aloizio Mercadante.
Ao final, Serra disse que a diferença entre PT e PSDB e que o tucano, pássaro símbolo do partido, "não gosta de lama".
– Tucano não gosta de lama. Ele voa e sempre está próximo do amarelo das flores e do azul do céu, que são as cores do nosso partido.
A convenção que formalizou o nome de Serra nas eleições de outubro teve ainda a presença do governador Claudio Lembo e do prefeito Gilberto Kassab, ambos do PFL. Serra, Alckmin e Fernando Henrique chegaram juntos ao prédio da Assembléia, cercados por seguranças e por uma claque montada pelo partido. Houve confusão e empurra-empurra na hora em que os três entraram no palco, com casos de pessoas empurradas contra a parede. À exceção do ex-governador, que respondeu a algumas perguntas, Serra e Fernando Henrique deixaram o local sem falar com a imprensa.
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