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 | 03/07/2002 08h54min

Agência rebaixa classificação de notas brasileiras

A agência de classificação de riscos norte-americana Standard & Poor's rebaixou na noite desta terça-feira, 2 de julho, o rating de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil de BB-para B+, e o rating de longo prazo em moeda local de BB+ para BB. A medida foi tomada mesmo depois de o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o governo dos Estados Unidos terem manifestado confiança no país. A agência já é a terceira a rebaixar a classificação do Brasil em pouco tempo. No último dia 20, Moody's e Fitch ratings também anunciaram mudanças para pior.

Segundo a Standard & Poor's, o rebaixamento ocorreu em razão da dívida líquida do setor público que, em maio, segundo dados do Banco Central, atingiu R$ 708 bilhões. Na relação com o Produto Interno Bruto (PIB), a dívida chega a 56%, o maior nível da história do país. Em junho, de acordo com previsões do próprio BC, o índice deve bater em 58%.

Analistas não descartam o registro de recordes de baixa na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O feriado de amanhã nos Estados Unidos também deve se refletir no mercado. A Bovespa e os títulos da dívida devem ser os principais atingidos, já que operam atrelados aos mercados externos.

Nesta terça, o dólar voltou a bater o recorde no Plano Real, caindo depois. Após atingir R$ 2,934, a moeda norte-americana fechou a R$ 2,890, em baixa de 0,20% em relação à véspera. A Bovespa caiu mais 0,42%, e o risco-país subiu 5,2 %, para 1.682 pontos. 

Segundo operadores, o que definiu a baixa do dólar foram rumores sobre ingresso de US$ 300 milhões de uma captação do Banco do Brasil, desmentida pelo banco depois de encerrados os pregões.Também colaborou para acalmar os ânimos a informação de que o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, fariam novas viagens para conversar com investidores internacionais. Malan vai à Espanha, e Fraga, aos Estados Unidos. O BC não fez nenhuma intervenção no mercado.

Segundo analistas, os negócios continuam nervosos e a liquidez, reduzida. O dia de bastante tensão e oscilação colaborou para reduzir os negócios, porque ninguém se aventura a grandes apostas. Fraga disse ontem que o nervosismo do mercado financeiro é exagerado e que a situação deve se normalizar em breve. Mas admitiu a falta de liquidez. Fraga propôs ontem que o próximo governo adote como principal objetivo alcançar em 30 meses uma classificação de crédito (rating) conhecida como grau de investimento. A nota atual do Brasil está quatro degraus abaixo desse nível, entre os créditos “junk”, ou lixo.

 
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