| 01/07/2006 20h01min
Fazendo jus ao apelido de “Paris da América do Sul”, Buenos Aires celebrou neste sábado a vitória francesa e saboreou a derrota brasileira. A jornada causou dupla satisfação entre os portenhos, já que em poucas horas no mesmo dia viram a remoção de seus dois maiores rivais: o Brasil (inimigo por questões esportivas) e a Inglaterra (rival pela disputa das Ilhas Malvinas). Fora da Copa do Mundo desde a última sexta, os argentinos consolaram-se com as duas derrotas alheias.
A 200 metros do Obelisco, em pleno centro portenho, em três cafés pesquisados pela Agência Estado no primeiro tempo, os argentinos que assistiam o jogo declaravam que deixavam de lado temporariamente a “solidariedade” sul-americana para respaldar a seleção francesa.
– Hoje estou mais para Edith Piaf do que para Tom Jobim – brincou Héctor Zanardi, professor de sociologia, que via o embate acompanhado da namorada, que também declarou sua preferência “circunstancial” pelo time gaulês.
“Mon Dieu!” (Meu Deus!) foi a expressão, no original em francês, repetida à exaustão com tom irônico pelos locutores argentinos que transmitiam o jogo pelo canal TyC. Segundo os comentaristas do único canal na Argentina que transmitiu o jogo, “os brasileiros não jogaram bem em toda a Copa, e vão embora desta forma”.
Além disso, definiram como “fato histórico” que pela primeira vez em muitos anos “o Brasil seja eliminado em uma Copa nas quartas-de-final”. Os locutores também destacaram que “há tempos que o Brasil não levava um baile desses” e que “a França estava boa demais, para ser aplaudida de pé”.
A imprensa argentina aproveitou para revidar as ironias disparadas na véspera do lado brasileiro da fronteira, quando a seleção albiceleste foi desclassificada. O jornal econômico Infobae disparou: “Tristeza não tem fim: o Brasil despediu-se cedo da Copa”.
O jornal esportivo Olé, de tradicionais posições anti-brasileiras, festejou o resultado, recordando que o time francês havia sido considerado “velho”: “Velho é o vento!”, ironizou. “E pensar que pediam a aposentadoria de Zidane... Deu uma lição de futebol e o time de Domenech eliminou o pentacampeão, que foi uma sombra”.
O tradicional e sóbrio La Nación usou – no original em português – a expressão que sempre havia sido aplicada ao Brasil, para elogiar a seleção gaulesa: “Eliminados – a França mostrou o jogo bonito”. Segundo a publicação, as estrelas brasileiras “brilharam por sua ausência” e o “Brasil deu adeus à Copa com um pobre rendimento de suas figuras”.
O Clarín não poupou o time de Parreira: “França deu o golpe e eliminou o Brasil”. Segundo o principal jornal da Argentina, os jogadores brasileiros “mostraram um perfil desconhecido e não puderam jogar em momento algum”.
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