| 15/07/2002 08h38min
Manifestantes paraguaios bloquearam a Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai, em Foz do Iguaçu, no início da manhã desta segunda-feira, 15 de julho. O Exército tentou sem sucesso impedir o bloqueio. O grupo pede a renúncia do presidente paraguaio, Luis González Macchi, e que o vice, Jorgino Franco, assuma a presidência e antecipe as eleições. No protesto, também pedem a volta do general Lino Oviedo. A polícia paraguaia reforçou a segurança nas principais rodovias do país durante esta madrugada.
Machi chegou ao governo do Paraguai em 1999, quando presidia o Senado, depois da renúncia de Raúl Cubas Grau, então presidente. Em 23 de março daquele ano, um comando disfarçado com roupas militares assassinou o vice-presidente Luís María Argaña, em Assunção. Cubas e seu padrinho político, Lino Oviedo, foram acusados de serem os mandantes do crime. Cubas renunciou em 28 de março, asilando-se no Brasil, enquanto Oviedo foi para a Argentina.
Antes de chegar à Presidência, Macchi integrava o setor dissidente do Partido Colorado, que era liderado por Argaña. Os dois eram inimigos jurados de Cubas e de Oviedo. Em suas funções parlamentares, presidiu o julgamento político de Cubas Grau e determinou que o presidente voltasse a prender Oviedo, acusado de liderar uma tentativa de golpe em 1996 contra o então presidente Juan Carlos Wasmosy. Até assumir a presidência do Senado, em julho de 1998, Macchi era conhecido sobretudo nos círculos políticos por ser filho de Saúl González, ex-ministro da Justiça da ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989). Mas Macchi era muito mais conhecido por ter integrado a seleção nacional de basquete nos anos 70.
Nascido em 13 de dezembro de 1947, estudou Direito e Ciências Sociais na Universidade Nacional. Logo depois, foi diretor do Serviço Nacional de Promoção Profissional, órgão ligado ao ministério dirigido por seu pai sob a ditadura Stroessner. Macchi formou o primeiro governo de coalizão entre liberais e social-democratas em meio século no país. Foi eleito pela primeira vez deputado em 1993, mas não emergiu das sombras políticas até converter-se em presidente do Senado e do Congresso. Ao ascender à presidência, aproveitou um vazio constitucional (a Constituição paraguaia não previa uma dupla vacância do poder) para decidir que permaneceria no cargo até o fim do que deveria ser o mandato de Cubas Grau, em 2003.
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