| 20/07/2006 07h20min
A Brigada Militar constatou uma das formas mais comuns de como o celular entra nas cadeias. Ontem pela manhã no Presídio Central de Porto Alegre, uma grávida de sete meses foi flagrada com um aparelho escondido na vagina, quando tentava visitar um apenado. A mulher de 18 anos, moradora de Eldorado do Sul, pretendia entregar um Nokia 1100 ao companheiro, mas foi barrada ao passar pelo detector de metais (espécie de portal semelhante ao existente em aeroportos e prédios públicos). O aparelho estava envolto em papel carbono e fita isolante dentro de um preservativo masculino. Mesmo assim, o alarme disparou.
– O detector do Central é muito sensível, até o fecho da calça faz soar a sirene – comentou um agente penitenciário que pediu para não ser identificado.
A jovem alegou que levaria o telefone ao companheiro para que pudessem conversar nos meses seguintes. Por conta do período de gestação, seria a última visita dela, pois a administração do presídio não autoriza ingresso de grávidas em estado mais avançado. Quase ao mesmo tempo, uma outra mulher foi flagrada com um tubo metálico de gel, também camuflado no órgão genital. Com o produto, levava R$ 200. Conforme agentes penitenciários, o gel seria usado pelos presos para esconder o celular no corpo, quando ocorressem revistas nas celas.
Um diálogo entre detentos, revelado pela investigação policial em Lajeado, confirmou que celulares resistem à inspeções nas celas. Um dos apenados diz, em tom de satisfação, ter ficado com um dos três telefones que mantinha atrás das grades (os outros dois foram apreendidos) e que esperava para o sábado (dia de visitas) uma nova remessa.
Além do celular, o detento lamentou a perda do carregador de bateria. O equipamento é cobiçado dentro das cadeias, principalmente por quem dispõe de tomadas nas celas. Onde não existe, os presos se obrigam a fazer ligações clandestinas, os chamados gatos, emendas na fiação da luz ou do chuveiro.
A existência de tomadas é permitida. A Lei de Execuções Penais prevê ao apenado o direito de contato com o mundo exterior por meio de cartas, leitura e por outros meios, desde que não comprometam a moral e os bons costumes.
– Ele pode ouvir rádio e ver TV. Acredito que tirar a tomada da cela seria uma demasia, até porque, portar celular na cadeia não é crime – analisa o juiz Fernando Cabral.
JOSÉ LUÍS COSTA/DIÁRIO GAÚCHOGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.