| 18/07/2002 23h51min
Por unanimidade e sob aplausos, foi criada no final da noite desta quinta-feira, 18 de julho, uma comissão processante para apurar denúncias contra quatro dos vereadores supostamente envolvidos na compra de votos para a eleição da presidência da Câmara Municipal de São Leopoldo em 2000. Foram 19 votos favoráveis.
As investigações irão durar 90 dias e podem resultar no pedido de cassação de Valmor Tavares (PL), Jorge da Silva (PMDB), Joni Jorge Homem (PFL) e Fernando Henning (PMDB). Todos cumprem mandato na Câmara. Eles e os demais envolvidos nas denúncias são investigados pela Promotoria Especializada Criminal, que interditou o prédio do Legislativo local, na sexta-feira passada, para o recolhimento de computadores e de outros materiais. A comissão será presidida pelo vereador Laerte Luís Gershwertner (PDT) e terá relatoria do vereador Ronaldo Vieira (PT).
Com exceção de Homem, os vereadores e ex-vereadores sob investigação aparecem em fitas de vídeo VHS recebendo dinheiro dentro do gabinete da presidência. As gravações são do ex-vereador Mario D'Ávila (PFL), que entregava os valores. As fitas teriam sido gravadas no segundo semestre de 2000, quando Ávila exercia a função de assessor informal de Homem, então presidente da Câmara. A idéia teria partido do próprio Ávila, já condenado por participação em uma quadrilha flagrada em 1993, em São Leopoldo, com 2,1 toneladas de cocaína.
Com o plenário e a Praça do Imigrante tomada por manifestantes e curiosos, a sessão foi interrompida por gritos estridentes. A presidente do Legislativo, Iara Cardoso (PMDB), paralisou os trabalhos quatro vezes em duas horas e meia de discussão. Silva chegou a discutir com o público, ao ser acusado de corrupção:
Vinte PMs foram deslocados à Câmara para evitar tumulto. Antes da votação, no entanto, Silva e Tavares foram retirados da sessão, a pedido da assessoria jurídica do Legislativo. A saída foi aplaudida de pé pela platéia. A decisão dos vereadores só foi anunciada às 22h40min.
– Não foi fácil chegar aqui e vai ser muito mais difícil a partir de agora. Não tenho medo que minha cidade seja conhecida como a cidade da corrupção. Vamos limpar isso aqui – disse o vereador Alexandre Roso (PHS), que apresentou o vídeo com as denúncias.
Quatro horas antes do início da sessão da Câmara Municipal, professores municipais saíram às ruas para protestar contra a corrupção. Na passeata, manifestantes pediam reajuste salarial e ironizavam as denúncias contra o ex-secretário municipal de Educação, Fernando Henning (PMDB), também flagrado na fita. Henning está afastado do cargo desde segunda-feira.
Quatro envolvidos que participavam da administração municipal, o diretor do Hospital Centenário, Fernando Fusquini (PMDB), o diretor da subsecretaria da Zona Leste, Angelo Magro (PMDB), e o diretor da Unidade Básica de Atendimento Médico (Uban) Feitoria, João Palharini (PTB), também foram afastados pelo prefeito Waldir Schmidt (PMDB).
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