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 | 22/07/2002 09h12min

Expectativas marcam visita da número 2 do FMI ao país

A semana começa com expectativa de novas turbulências no mercado brasileiro. Bolsa e câmbio devem oscilar ao sabor dos sinais emitidos nos encontros da vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) , Anne Krueger, com autoridades. Apesar dos desmentidos oficiais, há intensa mobilização para um acordo de transição com o Fundo. Analistas consideram a visita crucial na preparação de um aporte de emergência.

Para a próxima semana, é esperado o desembarque de Paul O’Neill, secretário do Tesouro dos Estados Unidos. A agenda no Brasil da número 2 do FMI – Anne Krueger só está abaixo do diretor-gerente, Horst Köhler – começa nesta segunda, dia 22, e estende-se até a noite de sexta-feira, dia 26. Além de encontro com o presidente Fernando Henrique Cardoso, nesta terça, dia 23, a executiva reúne-se durante a semana com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, com o presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, e com banqueiros e empresários.

As audiências vão ocorrer depois de semanas de tensão no mercado financeiro e de especulações de que governo estaria discutindo novo acordo com o FMI, inclusive com possível apoio de candidatos à Presidência. Autoridades dos dois lados negam que o Brasil necessite de novos recursos.

– Essa viagem não é sobre isso – afirma Tom Dawson, porta-voz do FMI, questionado sobre um acordo de transição.

Em visita a Washington na semana passada, Fraga admitiu ter explorado a possibilidade de novos créditos, mas disse não ver necessidade de financiamento a curto prazo. Com dívida de R$ 708 bilhões, o Brasil responde por um quinto do endividamento dos países emergentes. Na volta, o presidente do BC trouxe o apoio de um triunvirato poderoso – Köhler, O’Neill e Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve, o banco central norte-americano.

Em público, Anne Krueger deve repetir os votos de confiança de autoridades mundiais na maior economia da América Latina e na futura estabilidade da administração do sucessor de Fernando Henrique Cardoso. Em encontros privados, entretanto, autoridades podem formular diretrizes para uma linha de crédito que poderia vir, se necessário, antes das eleições, no segundo turno.

– O candidato vencedor tem de criar condições de governabilidade, e um pacto de transição com o FMI, por seis ou nove meses depois das eleições, seria muito positivo – avalia Marcelo Salomon, economista do ING Barings.

O seminário da Sociedade de Econometria, principal justificativa da viagem de Anne Krueger, será realizado de quarta-feira, dia 24, a sábado, dia 27, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo. Também participarão do evento dois ganhadores de Prêmio Nobel, Daniel McFadden e James Heckman, entre outros estrangeiros.

O acordo do Brasil com o Fundo acaba no fim do ano. A diretoria executiva do FMI deve discutir a quarta e última revisão trimestral. Uma missão deve chegar nas próximas semanas ao Brasil para preparar o relatório. O país ainda tem saldo de cerca de US$ 1 bilhão não utilizado do empréstimo de US$ 15,7 bilhões negociado em setembro do ano passado.

 
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