| 31/07/2006 20h50min
O brasileiro Mouhamed Abdouni, que tentará sair do Líbano amanhã num comboio para Damasco, na Síria, conta que na cidade de Tiro o prefeito veio a público pedir que as pessoas recolham os corpos, que estão sendo comidos pelos cachorros. Em Beirute, no bairro predominantemente xiita de Dahie, os prédios estão no chão e muitos corpos estão soterrados, diz ele.
– Não tem mais país. Não tem ponte, estrada, não tenho coragem de sair na rua. É inacreditável o que está acontecendo aqui – lamenta Abdouni.
Abdouni é cunhado de Habib Barakat, cujo irmão, Dib Barakat, foi morto por mísseis israelenses que caíram sobre sua fábrica de móveis no dia 18 de julho. Habib Bakarat poderia ter perdido também o filho, que passava férias no Líbano, e muitos outros parentes.
– Havia mais de 50 membros da família lá. Perdi meu irmão querido, que criou a gente. Foi um ataque bárbaro – afirma Barakat, que canaliza sua raiva nos grandes líderes do Ocidente.
Barakat, que vive em São Paulo, conta que já organizou várias cerimônias e que houve luto oficial em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, já que o irmão havia sido sub-prefeito do distrito de Riacho Grande. Ele diz ser a favor da paz, mas entende os conterrâneos que não pensam assim. Como exemplo, conta o caso, visto no noticiário, do libanês que foi comprar remédios e encontrou, na volta, a casa no chão, com a mulher e os filhos dentro, mortos.
– Um cara desses vai fazer o quê? Encher o corpo de bomba e entrar num shopping – diz.
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