| 04/08/2006 22h23min
O candidato do PDT à Presidência, o senador Cristovam Buarque, afirmou, em entrevista ao telejornal SBT Brasil, que, se eleito, mudaria a forma de distribuição do Bolsa Família, principal programa social do governo Luiz Inácio Lula da Silva e que beneficia 11 milhões de pessoas. O programa seria dividido em duas frentes: educação e emprego. Ainda na entrevista transmitida na noite de hoje, Cristovam fez mistério sobre quem o seu partido apoiaria no segundo turno e disse não estar magoado com Lula pela forma como foi demitido do Ministério da Educação, em 2004.
– Os adultos querem trabalhar, eu tenho certeza disso – garantiu o senador. Rebatizado de Bolsa Escola, o programa atenderia famílias carentes com filhos em idade escolar. Os recursos seriam administrados pelo Ministério da Educação (MEC). Já os desempregados seriam beneficiados pelo programa Emprego Social, no qual as pessoas receberiam para trabalhar em obras do governo federal. O senador afirmou que o valor dos benefícios seria maior do que os R$ 63 pagos hoje pelo Bolsa Família, mas que, no caso do Emprego Social, a pessoa não receberia durante todo o ano, apenas nos meses em que estivesse trabalhando. Para combater a evasão escolar, Cristovam citou o programa Poupança Escola, criado por ele quando foi governador do Distrito Federal. Os alunos que passarem de ano receberiam R$ 100 em uma poupança, que ele poderia sacar apenas quando terminasse o ensino médio. Cristovam fez críticas duras à gestão de educação do governo Lula e questionou os dados apresentados pelo Ministério da Educação. – É falso isso de que 98% (das crianças brasileiras) estão na escola – disse o senador, acrescentando que o percentual correto é de 95% de crianças matriculadas. – Só um terço dos nossos jovens tem o ensino médio e desses, metade sem qualidade – lamentou Cristovam. Para mudar esse quadro, o candidato defende a federalização da educação básica. A proposta custaria R$ 7 bilhões. Com um orçamento de R$ 700 bilhões, Cristovam afirmou que não seria difícil arranjar 1% para a educação. – A gente gasta hoje quase R$ 5 bi, que o Brasil desperdiça por causa da repetência. Quando a gente fizer um programa desse, e a repetência diminuir e acabar, a gente vai economizar R$ 5 bilhões – calculou Cristovam. O senador ressaltou a importância do ensino universitário para o desenvolvimento do Brasil e acusou de falsa a reforma universitária feita pelo governo Lula: – O problema é que ele (Lula) não investe na reforma. É falsa essa reforma. Ensino superior e ciência e tecnologia vão fazer do Brasil um país do futuro. O futuro não está mais na indústria mecânica, está na indústria do conhecimento. Ao comentar o seu baixo desempenho nas pesquisas, apenas 1% segundo o último levantamento CNI/Ibope divulgada nesta sexta, Cristovam disse que se deve ao fato dele falar para o futuro e as pessoas quererem soluções para o presente. Segundo o candidato, ele fala para as crianças e jovens que são o futuro do país, que não vai existir sem uma revolução na educação. Sobre a sua saída do PT, Cristovam comentou que o partido mudou e não é mais o mesmo de 2002. Mas defendeu o PT, dizendo que há petistas corruptos "que eu nem imaginava", mas que o partido em sua maioria é de gente honesta. Na opinião do senador, o grande defeito do PT é que seus políticos são acomodados. Apesar da polêmica em torno da sua demissão do Ministério da Educação pelo telefone, Cristovam garantiu que não guarda mágoas do presidente e nem critica a maneira como foi demitido. – O último telefonema que eu recebi dele (Lula) foi aquele – contou Cristovam, que estava em Lisboa quando recebeu a ligação de Lula. – O único jeito de demitir era por telefone. Não pode ser por telepatia, não existe isso. Mágoa eu não tenho, eu tenho uma causa – disse. Cristovam foi evasivo ao falar sobre o segundo turno, mas reconheceu que não têm muitas chances de ser eleito. Ao ser perguntado sobre quem apoiaria, se esquivou: – Eu não vejo diferença entre Lula e Alckmin. São duas propostas extremamente semelhantes. As personalidades não são iguais, claro, mas os programas são iguais. Não vejo nenhum problema no meu partido apoiar um ou outro ou nenhum. Em uma referência aos escândalos de corrupção do mensalão e da Máfia dos Sanguessugas, o senador ressaltou que o seu partido, PDT, não tem parlamentares envolvidos. Cristovam terminou a entrevista com um apelo para que a população não desperdice o voto para deputado estadual e federal e para senador. – Não adianta eleger a mim presidente com um congresso desses. Preste atenção no seu candidato a deputado, a senador. Não se arrependa do seu voto. Não pense só no presidente, pense nos parlamentares e nos governadores – alertou. AGÊNCIA O GLOBOGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.