| 01/08/2002 10h25min
Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) apresentado na quinta-feira, dia 1º, a respeito da ofensiva militar israelense de abril contra o campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, atribuiu culpas a ambas as partes: a Israel, por empregar armas pesadas contra áreas densamente povoadas; e aos palestinos, porque 200 guerrilheiros usavam o acampamento como base. O relatório, assinado pelo secretário-geral Kofi Annan, evita a palavra "massacre'' e desautoriza a versão árabe de que centenas de pessoas teriam sido mortas no campo, quando as tropas israelenses fecharam o local para caçar militantes.
– Uma importante autoridade palestina disse em meados de abril que cerca de 500 foram mortos, cifra que não é consubstanciada à luz das evidências que surgiram – disse o relatório.
O saldo oficial de mortos estabelecido pela ONU é de 52 palestinos, metade deles civis, e 23 soldados israelenses. Mas a ONU afirma que 497 palestinos morreram entre 1º de março e 7 de maio na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, durante a ocupação israelense nas cidades, que prossegue. Outros 1.447 ficaram feridos, dos quais 538 a bala.
Segundo Israel, 28 atentados suicidas foram planejados e executados a partir de Jenin entre outubro de 2000 e abril de 2002. Tantos os observadores palestinos quanto os israelenses afirmam que os grupos militantes Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, Tanzim, Jihad Islâmica e Hamas usavam o campo de Jenin como base, disse o relatório.
– Parece que a violência, especificamente dos ataques terroristas, causou enorme sofrimento para o povo israelense e para a economia do país – afirmou Annan, que também mencionou a ''paralisação'' da economia palestina durante a ação militar israelense.
O texto critica o uso de armas pesadas em áreas populosas, e diz que "em muitas ocasiões, funcionários de ajuda humanitária não puderam chegar às pessoas para avaliar as condições e entregar a assistência necessária, por causa do fechamento das cidades, campos de refugiados e aldeias''. Também houve casos em que as forças israelenses "não respeitaram a neutralidade dos funcionários médicos e humanitários, atacando as ambulâncias'', segundo o texto.
Jenin, onde vivem 14 mil palestinos, foi o cenário dos combates mais violentos da atual intifada (rebelião palestina), iniciada há 22 meses.
O relatório de Annan foi preparado a pedido da Assembléia Geral da ONU. Inicialmente, Annan havia criado uma comissão para ir à cidade buscar provas, mas condições impostas por Israel tornaram a missão inviável. Sob pressão dos países árabes, os 189 países da Assembléia Geral pediram a Annan que preparasse seu relatório com base em informações disponíveis ao público, acrescidas de dados da Autoridade Palestina, das agências da ONU e de ONGs que atuam na região. O governo de Israel não colaborou na elaboração do documento. As informações são da agência Reuters.
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.