| 22/08/2006 07h40min
Na primeira semana de propaganda obrigatória na TV, os principais partidos foram escanteados por seus candidatos à Presidência. Prevaleceram as frases feitas e os personalismos. O discurso tende mais a mostrar o que foi feito do que falar em novas propostas para o país. O que está valendo no programa eleitoral é a figura do candidato acima das ideologias partidárias.
uiz Inácio Lula da Silva pode perfeitamente passar por um candidato sem partido em seu programa. Ele não fez referência ao PT, partido do qual foi um dos fundadores e ao qual sempre esteve identificado. Na TV, Lula fala de suas conquistas e realizações no governo.
O PT ganhou apenas uma tímida aparição na vinheta de abertura, a partir do segundo dia de propaganda. E aquele Lula petista, de bandeira em punho e comum nas outras eleições. Onde foi parar? Para o professor de Ciências Políticas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor do livro Uma Esquerda Fora do Lugar - O Governo Lula e os Descaminhos do PT, Ricardo Antunes, a vinculação com o PT será uma lembrança que Lula fará questão de fazer o eleitor esquecer ao longo da eleição.
– Lula, apesar de ter sido atingido pelo mensalão, transcendeu a tudo isso. Hoje, o PT atrapalha claramente a campanha de Lula. Lula esconde e vai esconder o PT.
No caso do PSDB, o abandono da sigla por Geraldo Alckmin teria outro motivo. Na análise de Antunes, a tradição dos tucanos é primar pelos nomes acima da legenda. Em seus programas, Alckmin enfatizou das ações que realizou no governo de São Paulo.
– O PSDB nunca foi uma sigla forte. Fernando Henrique se elegeu pelo Plano Real. Covas (Mario, ex-governador de São Paulo) era um homem conhecido por ele mesmo. Alckmin não consegue decolar. Há uma crise na candidatura – diz.
Coordenador do curso de pós-graduação em Ciências Políticas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), André Marenco classifica a ausência dos partidos na propaganda como estratégica. Segundo ele, nenhum candidato a presidente ou governador se elege apenas com os votos do partido. O professor calcula que, do total de votos do candidato, menos de 20% venham de simpatizantes da sigla.
– É uma estratégia racional de campanha. Qualquer candidato que queira ganhar uma eleição precisa se mostrar acima do partido. A diversidade do eleitorado transcende as legendas. Referendar o partido pode afastar o eleitor – afirma Marenco.
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