O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), anunciou que a comissão vai discutir hoje o envio de ofícios à Polícia Federal (PF), ao Ministério Público (MP) e ao Tribunal de Contas da União (TCU). Os documentos irão pedir informações relativas ao suposto envolvimento do PT na compra do dossiê montado para incriminar os candidatos do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, e ao governo de São Paulo, José Serra.

Na reunião, marcada inicialmente para o meio-dia e transferida para as 14h30min, também deverá ser discutida a possibilidade de envio de parlamentares a Cuiabá (MT) para acompanhar o caso.

Segundo Jungmann, a apreensão do dossiê coloca o Poder Executivo no centro das investigações da CPI.

– Estamos absolutamente de acordo para que a CPI tenha acesso aos dados. Continuamos focados em nosso objetivo, que são os sanguessugas, que começaram pelas investigações no Congresso e abriram as portas do Executivo – afirmou.

Para o deputado, a apuração do caso deve ser feita pela CPI, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que garantirá a continuidade da investigação e servirá para extrapolar os prazos definidos pelo calendário eleitoral.

– Os fatos que transcorrem no âmbito da política e da Justiça têm autonomia – declarou.

Para Jungmann, os recentes fatos investigados pela PF demonstram que o próximo presidente da República, seja quem for o eleito, terá "dificuldades de governar, porque o resultado [das eleições] terá forte contestação de legitimidade”. O deputado disse ainda que a montagem do dossiê é uma tentativa de fraudar a vontade popular. Segundo ele, caso semelhante ocorreu no escândalo do Proconsult, no Rio de Janeiro, em 1982. Na ocasião, foi apontada fraude na totalização de votos contra Leonel Brizola, então candidato a governador.

AGÊNCIA CÂMARA