| 28/09/2006 16h43min
A campanha de rádio e televisão para as eleições de domingo no Brasil terminou nesta quinta com a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em todas as pesquisas. Porém não está descartada a possibilidade de um segundo turno. Apesar do que se esperava, o fim da campanha na televisão não refletiu a virulência dos últimos dias, ficando centrada em mensagens de esperança, embora a oposição não tenha esquecido dos últimos escândalos ao redor de Lula.
Geraldo Alckmin (PSDB) disse que quer ser presidente "para varrer a corrupção" e ofereceu "um governo com os pés no chão, os olhos no futuro e o coração naqueles que mais precisam".
O horário do candidato tucano começou com um locutor em "off" que se referiu à tentativa de compra de um dossiê com falsas acusações de corrupção contra o próprio Alckmin e contra o candidato ao governo de São Paulo, José Serra. Surgiram na tela fotografias dos envolvidos, todos membros do comitê de campanha de Lula que foram destituídos quando estourou o escândalo, além de imagens do momento em que a polícia deteve dois deles há 15 dias, com o equivalente a US$ 800 mil que seriam pagos pelo dossiê.
O locutor disse que "a sociedade brasileira espera explicações" e acusou o governo de adiar a investigação "para após as eleições".
Entre as promessas dirigidas aos mais pobres, Alckmin ratificou que "manterá e melhorará" os programas sociais de Lula, embora tenha colocado o dedo na ferida ao anunciar "uma melhor fiscalização" para evitar "a corrupção".
Lula, por sua vez, apelou para a emoção. Apareceu radiante junto a sua esposa, Marisa Letícia, desejando que "as eleições transcorram em muita paz" e "sejam um momento de reflexão". Disse confiar em que os brasileiros elegerão "o melhor" e afirmou que há quatro anos encontrou "um país em crise, que hoje está muito diferente". Reiterou que "nunca se combinaram tantos dados positivos juntos", entre os quais o crescimento econômico com baixa inflação e geração de empregos.
– Se com as dificuldades e a falta de experiência que tínhamos conseguimos tudo isso, imagine o que poderemos fazer agora – declarou Lula, que disse ter aprendido com os erros e os acertos, pedindo "outro voto de confiança".
Seu último programa foi recheado de imagens de pessoas das mais baixas classes sociais, agradecendo emocionadas, pois "finalmente" um governo teve consideração por elas.
O horário de Lula terminou com ele e a esposa de mãos dadas, acompanhados de pessoas de todas as raças, na frente da residência oficial do Presidente em Brasília. O ex-sindicalista afirma que se "escutam os passos de um novo Brasil".
Nos quase cinco minutos de programa não houve sequer uma alusão aos escândalos em torno ao PT, nem apareceram as bandeiras vermelhas do partido, o que se interpretou como um claro distanciamento entre o candidato e os casos de corrupção do último um ano e meio.
Os outros seis candidatos inscritos, que juntos somam 12% da intenção de votos nas pesquisas, agradeceram o apoio dos eleitores durante os três meses de campanha.
Heloísa Helena, do Psol, terceira na corrida presidencial, disse ser importante que se chegue ao segundo turno, afirmando que até aqui foi "uma boa briga", e que seguirá sua luta para "libertar" o Brasil.
As últimas pesquisas mostram que Lula ganhará no domingo com pouco mais de 50% dos votos válidos, mas não excluem de todo um segundo turno. Uma possível mudança de cenário está ligado ao que possa ocorrer na noite desta quinta, no último debate dos candidatos na Rede Globo. Ainda não está confirmada a presença do presidente Lula, que nesta campanha ainda não esteve cara a cara com seus adversários.
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