| 29/09/2006 00h25min
Mesmo sem estar presente, o presidente e candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi o protagonista do debate na Rede Globo, que começou na noite desta quinta e terminou pouco depois da meia-noite. Logo na primeira oportunidade, Cristovam Buarque (PDT) dirigiu pergunta ao petista – possibilidade aberta pelas regras do programa e que serviu para enfatizar a ausência.
O pedetista disse que Lula é candidato sob suspeita de utilização de recursos públicos no processo eleitoral. E questionou se o presidente irá renunciar ao mandato caso eleito e comprovada alguma irregularidade nesse sentido:
– O que vai acontecer se a gente descobrir que há dinheiro de campanha na compra do dossiê (Cuiabá, contra políticos tucanos). Vai ser impeachment? Renúncia do presidente?
Mais adiante, classificou a não aparição de Lula como uma forma de "corrupção à democracia".
– Primeiro precisamos ampliar o conceito de corrupção. Faltar a um debate como esse é um tipo de corrupção. Não de roubar dinheiro, mas de roubar as esperanças do povo, a chance de o eleitor de ser informado – bateu o pedetista.
A mesma tática foi adotada por Geraldo Alckmin (PSDB) e Heloísa Helena (P-Sol), os outros participantes. Os dois lembraram casos como o do mensalão e o do Dossiê Cuiabá, um que atingiu em cheio e outro que respingou no Palácio do Planalto.
Sempre dura, a candidata do P-Sol disse que foi excluída do PT "porque não concordei que o governo Lula acobertasse casos de corrupção (...) eram muitas denúncias contra parlamentares (...) o governo Lula se acovardou e passou a acobertar a mesma corrupção política de governos anteriores".
E cobrou que Lula estivesse no estúdio para enfrentá-la. Segundo ela, o presidente teria a obrigação de dar algumas explicações:
– Ele devia estar aqui para dizer qual a origem dos R$ 15 milhões que o filho dele passou a ter por tráfico de influência.
Alckmin, que aparece em segundo em pesquisas de intenção de voto e seria o adversário do presidente em um possível segundo turno, diversificou as críticas. Alfinetou a política do governo Lula em relação ao crime organizado, argumentando que chefes de facções criminosas receberam benefícios nos últimos anos. Além disso, considerou ineficiente o controle das fronteiras do país.
– O Brasil não fabrica drogas. A droga vem de fora – disse.
Também considerou que o posicionamento brasileiro frente às tentativas bolivianas de nacionalização de refinarias da Petrobras naquele país não foi duro o suficiente. E interpretou a ausência de Lula no debate com um "recado" ao povo brasileiro.
– O Lula, com a sua ausência aqui nesse debate, mandou um recado para o povo brasileiro: 'eu não estou interessado na sua opinião, eu não preciso prestar contas para ninguém' – avaliou o tucano, que pediu uma resposta à nação:
– Domingo, mande um recado para ele. Mude de presidente.
Em nota à TV Globo, Lula argumentou, para não ir ao
programa, que seus adversários
pretendiam transformar o debate em uma "arena de grosserias e agressões". Os demais candidatos não foram convidados pela emissora.
• Confira outros momentos do debate no blog Votolog
Jéfferson Curtinovi
(jefferson.curtinovi@rbsonline.com.br)
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