| 03/10/2006 16h46min
Dois cientistas políticos gaúchos analisaram o resultado das eleições no Rio Grande do Sul. Em entrevista ao programa Gaúcha Repórter, Francisco Ferraz declarou que o segundo turno entre Yeda Crusius (PSDB) e Olívio Dutra (PT) era um possibilidade dentro do previsível embora as pesquisas não apontassem tal cenário. Já André Marenco considerou o resultado inesperado.
– Eu acho que foi um resultado que surpreendeu um pouco em função das pesquisas que davam o governador Germano Rigotto como um participante certo do segundo turno – acrescentou Ferraz.
Para Marenco, talvez o cenário com Yeda e Olívio fosse o menos provável. Sobre as possíveis explicações para a migração de votos para a candidata tucana, Ferraz declarou que depois que o resultado sai, tudo tem explicação
– Para mim, é um pouco irrelevante de onde eram os votos. Eles vieram de todos os lados – disse.
Marenco acredita que hipótese de transferência é bastante razoável se for levada em conta a evolução dos números apontados na pesquisas da semana passada e do Ibope de sábado.
– Ao perceber aquele cenário de Rigotto, com uma posição mais cômoda, provavelmente uma parte dos eleitores tenha decidido transferir o seu voto. É o que a literatura chamada de voto estratégico, transferir o seu voto com vistas a eliminar o pior adversário, o menos desejado – esclareceu Marenco.
Para ele, essa não é a única explicação para o segundo turno com Yeda e Olívio.
– Eu acho que esse é o fator imediato, do último resultado. Há um conjunto de outros fatores que tem relação com a campanha – acrescentou.
Marenco avaliou que, apesar das pesquisas que indicavam Rigotto como o provável vitorioso, o candidato do PMDB apresentava um patamar relativamente baixo. Além disso, o estudioso diz que Rigotto adotou uma estratégia equivocada.
– Ele fez uma campanha superficial, indefinida – avaliou, dizendo que Rigotto evitou criar atrito com os demais candidatos.
O cientista político da UFRGS acrescentou ainda que tanto o PMDB quanto o PT tiveram um desempenho abaixo do esperado.
– Mesmo o Olívio indo para o segundo turno, é o menor patamar do PT desde 1994 – disse, lembrando que o candidato no Estado teve percentual menor do que o obtido por Lula no Estado.
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